"Nós queremos categoricamente evitar uma situação em que o confronto com a Rússia seja inevitável. E é exatamente por isso que nossa tomada de decisão é governada", disse Gottemoeller ao jornal russo Kommersant, em uma entrevista publicada em russo na terça-feira.
No entanto, sua mensagem estava longe de ser reconciliatória: "Mas não podemos deixar de responder aos atos ilegais da Rússia: da anexação da Crimeia à desestabilização no Donbass, à interferência eleitoral ou aos últimos acontecimentos no Reino Unido".
A OTAN aumentou a sua presença nos países Bálticos, na Polônia e no mar Negro nos últimos anos, aumentando a sua força de ataque para 40.000 soldados. A aliança está citando o alegado "uso da força contra seus vizinhos" pela Rússia, após o referendo da Crimeia de 2014, que resultou na separação da região da Ucrânia e na reunificação com a Rússia. E também está acusando Moscou de apoiar as regiões rebeldes de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia.
Gottemoeller, uma diplomata dos EUA que é vice-presidente da OTAN desde 2016, disse que a resposta da aliança tem sido "bem calibrada, proporcional e defensiva em sua natureza", mas recusou-se a descartar o aumento do número de tropas da OTAN na Europa Oriental ou negar que a Rússia continua sendo o principal adversário do grupo.
Mesmo com os protestos de Moscou, Gottemoeller afirmou que a OTAN "não tem motivos para duvidar" da sugestão do Reino Unido de que a Rússia esteja por trás do envenenamento do ex-agente duplo Sergei Skripal, no mês passado, em Salisbury.
Apesar dos resultados inconclusivos dos testes químicos, a funcionária disse que o Reino Unido tinha "outras fontes de informação" para justificar acusar Moscou e acrescentou que a OTAN deve "demonstrar solidariedade e uma única posição", enquanto também acusava a mídia russa de "executar uma campanha de propaganda".
Em meio a um crescente risco de confronto direto entre as forças russas e da OTAN na Síria, Gottemoeller expressou esperança de que as negociações envolvendo o chefe do Estado-Maior da Rússia, Valery Gerasimov, e o Comando Supremo Aliado da Europa, Curtis Scaparrotti, ajudariam a "transparência, previsibilidade e ajuda a evitar incidentes".