Sem motores e titânio: Rússia define medidas para retaliar os EUA pelas sanções

O Conselho da Federação Russa está procurando adotar contra-sanções contra os Estados Unidos, segundo o qual o país pode proibir as exportações de componentes de titânio para a gigante de aviões Boeing, segundo afirmou nesta sexta-feira o senador russo Sergei Ryabukhin.
Sputnik

"Entre os metais de terras raras que a Rússia fornece para os Estados Unidos está o titânio, que é necessário para o ciclo tecnológico de produção da Boeing", disse Ryabukhin à Sputnik. A Rússia também pode proibir o fornecimento de motores RD-180 usados pela Agência Espacial dos EUA (NASA) e pelo Pentágono, acrescentou o senador.

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"Esses motores de foguete são usados não apenas pela NASA, mas também pelo Pentágono em seus satélites. Isso significa que os EUA usam esses motores de foguetes para lançar seus satélites militares", afirmou o congressista.

Mais cedo na sexta-feira, deputados russos anunciaram uma resposta futura às sanções americanas impostas na semana passada. De acordo com o vice-presidente do Parlamento russo (Duma), Ivan Melnikov, a resposta russa incluiria o fim da cooperação com os EUA na indústria nuclear, na construção de aeronaves e no espaço aéreo.

"A Rússia pode 'irritar' os EUA parando ou restringindo severamente a cooperação no espaço sideral, ou cortando suprimentos de componentes para aeronaves Boeing, [e] fechando o suprimento de titânio", avaliou Petr Pushkarev, analista-chefe da TeleTrade.

Sob a resposta proposta pelo governo russo, os EUA e seus aliados também poderiam ser proibidos de participar de acordos de privatização russos. No momento, a lista de entidades jurídicas que podem organizar transações de privatização na Rússia inclui o Goldman Sachs, o JP Morgan, o Credit Suisse, o Morgan Stanley, o BNP Paribas, o UBS, o Citi e vários outros bancos estrangeiros.

A Rússia também pode limitar o fornecimento de medicamentos, tabaco e álcool dos Estados Unidos.

Desde o ano passado, 40% das peças russas de titânio foram vendidas para a Boeing e 60% para a concorrente europeia Airbus, segundo um porta-voz da russa Rostec.

"Nós temos uma joint venture com a Boeing. Ele está localizado nos Urais, em Verkhnyaya Salda, onde os produtos são fabricados usando tecnologias absolutamente únicas. Nós fornecemos não titânio, mas acabamos com peças de titânio. E o know-how pertence ao lado russo", contou Viktor Kladov à Rossiyskaya Gazeta na época.

O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, disse que o Kremlin vai analisar o projeto, mas nenhuma resposta definitiva sobre sua introdução pode ser dada ainda. "Precisamos de tempo para analisar o ponto de vista dos legisladores russos que iniciaram o projeto, a fim de formular uma posição mais tarde", disse Peskov a jornalistas nesta sexta-feira.

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Retaliação

Em 6 de abril, o Departamento do Tesouro dos EUA divulgou uma lista de 24 cidadãos russos e 14 corporações russas que se enquadram nas novas sanções impostas sobre a política externa da Rússia. No início desta semana, o primeiro-ministro Dmitry Medvedev disse que Moscou proibirá a importação de produtos norte-americanos como parte de uma resposta ao mais recente movimento de Washington.

"Estes podem ser não apenas valores mobiliários americanos, mas também toda uma gama de outros bens que são entregues ao mercado russo ou produzidos por empresas americanas no território de nosso país", disse Medvedev, respondendo a perguntas da Duma russa na última quarta-feira.

O primeiro-ministro afirmou que a resposta de Moscou às novas sanções deveria ser adequada e medida. "As medidas de resposta devem ser bem calculadas, não devem nos prejudicar, devem ser adequadas", analisou.

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