O político do PSDB ainda precisa ganhar fôlego para mostrar que poderá levar as eleições. Alckmin não lidera as intenções de voto contra Bolsonaro até mesmo em São Paulo — berço eleitoral do tucano. Já o ex-capitão do Exército lidera as pesquisas nos cenários em que o ex-presidente Lula não aparece entre as opções de voto.
Além disso, recentemente Frederico D’Ávila, diretor da Sociedade Rural Brasileira, afirmou à Folha de S. Paulo que trocou a candidatura de Alckmin pela de Bolsonaro porque o tucano "quer juntar demais e desagradar de menos".
"Existe uma parte do agronegócio que é mais conservadora, uma posição mais reativa aos movimentos sociais sem terra e sempre houve identidade desse setor com candidatos mais conservadores. Mas o agronegócio não é só isso, o agronegócio é uma grande indústria moderna e de exportação. Eles não estão olhando apenas para esse aspecto, eles também olham para propostas no campo da economia, da infraestrutura, do desenvolvimento. E por enquanto o Jair Bolsonaro não teve muito a dizer a respeito disso", disse Melo em entrevista à Sputnik Brasil.
O professor do Insper destaca que, dada a importância do agronegócio na economia brasileira e o tamanho de sua organização no Congresso por meio da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), todos os partidos e pré-candidatos precisam conversar com este grupo. Entre Câmara dos Deputados e Senado, a FPA reúne mais de 200 representantes.
Além de Bolsonaro, e do próprio Alckmin, os pré-candidatos Aldo Rebello, Ciro Gomes e Henrique Meirelles têm agenda prevista na Agrishow — que promete movimentar R$ 2,3 bilhões em negócios.
"O setor conservador sempre existiu. O que houve é que a partir do ocaso do malufismo, ele perdeu um representante orgânico. Houve no passado o Jânio Quadros, os candidatos da antiga Arena, o partido de apoio aos governos militares, e o próprio Paulo Maluf. E desde então quem ocupou esse espaço do centro para a direita foi o PSDB, não porque o partido tivesse essa natureza, mas porque havia um espaço vago em que o PSDB se ocupou eleitoralmente dele. No entanto, com o surgimento do Bolsonaro, o PSDB perde uma parte importante desse patrimônio eleitoral que ele vinha apresentando pelo menos desde 2002. Então o espaço do centro fica muito menor, nos não sabemos qual é o espaço do centro. Quando nós pensamos no centro, pensamos na candidatura de Alckmin, mas qual o espaço que o Alckmin tem para crescer? Alckmin tem um espaço e tem dois muros ao seu lado, à direita há o Bolsonaro e à esquerda há o Ciro Gomes e o PT."