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Voluntário brasileiro conta sobre próxima viagem à Rússia, suas expectativas e medos

Asafe Nunes, paraibano de 23 anos, vai ser um dos jovens entusiasmados que vão conhecer a Rússia por dentro ao facilitar a realização da Copa do Mundo 2018 como voluntários. A Sputnik Brasil falou com o aventureiro para descobrir sobre sua caminhada ao torneio e as expectativas nas vésperas do evento.
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Assim como seus colegas russos provavelmente não têm nenhuma ideia sobre a Paraíba, Asafe também não sabia nada sobre a cidade onde vai trabalhar, Nizhny Novgorod. Já agora, com passagens compradas e coração batendo forte com antecipação, fez questão de conhecer mais através de vídeos e reportagens.

Porém, segundo revela o nosso interlocutor, para ele não faz muita diferença aonde viajar para fazer trabalho voluntário — o objetivo é precisamente de fazer história em competições únicas como é a Copa do Mundo.

"Não tive um interesse particular pela Rússia, não. Tenho em relação à Copa do Mundo, eu estar em todas independentemente de onde acontece. Inclusive no Qatar [2022], por exemplo, vou procurar participar também mesmo sem ter conhecimento do país", partilhou o jovem.

Para essa viagem, teve que poupar dinheiro durante o ano inteiro, focando todas as suas atividades nos preparativos para o evento.

"Era o projeto de vida até agora para mim", sorri Asafe.

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Em sua caminhada para a Copa 2018, ele já teve quatro eventos esportivos nos quais se engajou — a Copa das Confederações 2013 no Brasil e a Copa do Mundo 2014, bem como as Olimpíadas e as Paralimpíadas no Rio em 2016.

Asafe contou que, além do trabalho voluntário na área de esporte, ele muitas vezes participou de projetos no campo criativo, por exemplo, em festivais de teatro, cinema e música, que é sua área de formação.

"Eu comecei com trabalho voluntário quando entrei na universidade, em 2012 […] Sempre realizo trabalhos voluntários desde 18 anos, desde que entrei na universidade. Sou muito interessado em aprender com esses trabalhos. Outro dia, eu quero um trabalho que me pague bem, que me dê um status de vida legal, mas enquanto isso não acontece, vou aprender com trabalho que está disponível para mim. Não ganho muito com isso, mas ajuda outros eventos e outras pessoas", manifestou.

Asafe Nunes
Por ter uma experiência vasta na respectiva área de semelhantes eventos, Asafe já pode comparar a qualidade de preparação e processo seletivo de cada um. Nesse respeito, o moço não poupou elogio ao falar sobre o Comitê Organizador russo.

"Eu achei mais simples [o processo] do que da Copa do Mundo do Brasil. Mais fácil. Geralmente, os prazos não são muito respeitados, eles falam uma data e atrasam. No da Rússia o resultado saiu antes do esperado, era para março ou fevereiro que eu já sabia que estaria aí e isso facilitou muito para mim. Principalmente, por causa da distância, valor de passagem e tudo. Foi melhor, uma coisa que ficou bem legal", destacou.

No campeonato, Asafe vai trabalhar na imprensa em uma das cidades-sede, Nizhny Novgorod, às margens dos rios Volga e Oka, e vai residir em um dormitório de uma das universidades locais garantido pela FIFA e Comitê Organizador russo. Confessa que anteriormente não sabia absolutamente nada sobre a cidade, mas agora já adquiriu alguma noção graças à Internet.

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A cidade, de fato, tem uma história longa e repleta de curiosidades — inclusive as da época da Guerra Fria, quando se chamava Gorky, era fechada e usada para pesquisas em relação a armas nucleares soviéticas.

Quanto à sua área de trabalho, o jovem revela que inicialmente tinha medo de escolhê-la por ser em certa medida problemática e optou por outras. Contudo, quando acabou por ser indicado como voluntário para a área de imprensa, entendeu que "para ele é fantástico", tanto mais por ser plena pontaria com sua formação na Faculdade de Arte e Mídia da Universidade Federal de Campina Grande.

Asafe Nunes
Em uma conversa com Asafe, não podíamos também evitar o tema de segurança, que é sempre um dos mais repercutidos nas vésperas de tais torneios, especialmente quando se trata da torcida de futebol.

Sputnik Brasil: É uma pergunta bem sensível. Mas nas vésperas da Copa tem se intensificada a propaganda sobre a Rússia, por exemplo, com a saída do documentário da BBC sobre os "hooligans" russos etc. Será que você teve alguma preocupação nesse respeito?

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Asafe Nunes: Tive e tenho ainda. Sempre quando estou falando com meus amigos brasileiros… Por exemplo, eu me despedi agora do Brasil para ir para a Europa, começar a viagem. Todo mundo me dizia assim, olha, toma cuidado com pessoal lá da Rússia, alguns são conhecidos por serem muito racistas e violentos. Então se liga aí nessa questão e toma cuidado. Eu já estava com esse cuidado e ainda estou. Na verdade, por não conhecer… Não tenho conhecimento, então não dá para falar.

SB: Entendo, mas eu, sendo russa, posso te falar que tudo isso é bem exagerado e, por exemplo, a torcida britânica costuma ser muito mais violenta que a nossa. Mas você vai descobrir isso por si só quando chegar e vai entender que aqui está tudo muito seguro, eu tenho certeza.

AN: Que legal. Mas sim, é como foi nas Olimpíadas. Lá tinha algumas preocupações em relação ao terrorismo e a gente também foi com essa preocupação. Mas não aconteceu nada, os Jogos foram um sucesso, não ocorreu nada disso.

Asafe Nunes
Por enquanto, as únicas palavras que Asafe sabe falar em russo são "vodca" e "Vladimir Putin", mas com certeza vai aprender mais, especialmente caso consiga visitar também outras cidades-sede.

"Na verdade eu vou chegar a Moscou. Gostaria muito de conhecer São Petersburgo e Sochi, mas são muito distantes umas das outras. Então não sei se vai ser possível. Mas de certeza vou a Moscou e depois vou para Nizhny [Novgorod]. Aí, posso ir a Samara, Saransk, que talvez sejam mais próximas, mas depende também da minha disponibilidade lá", contou.

Evidentemente, Asafe planeja entregar toda a sua vibração para torcer pela seleção canarinha na Copa, mas confessou também gostar muito da Seleção do México e planejar "torcer contra a Alemanha".

SB: E o que você acha sobre o futebol russo?

AS: Eu vi algumas partidas da Rússia, eles estão melhorando, a Seleção está indo melhor que em outras épocas. E [quanto ao] futebol russo, eu acompanho o de clubes — o Spartak, o Zenit, o CSKA, por terem jogadores brasileiros que passaram lá. Pessoalmente, o Hulk, que chegou até São Petersburgo, no Zenit, e o Hulk é da minha cidade. Então, a gente tem uma afinidade muito grande com ele, a gente acompanha muito aquilo que ele faz. Agora ele tá na China e a gente tá de olho lá.

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