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Nada a Temer: aposta em Meirelles pode salvar MDB?

O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) anunciou hoje o nome de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda, como pré-candidato do partido na disputa pela Presidência da República deste ano. Mas quais são as reais chances do político nesta eleição? E como ficará o atual chefe de Estado, Michel Temer, que chegou a considerar concorrer ao cargo?
Sputnik

Em evento realizado nesta terça-feira em Brasília para lançar o novo programa político do MDB, os principais nomes do partido se juntaram em defesa da candidatura de Meirelles para presidente, apresentado como o homem capaz de consolidar os avanços alcançados pelo atual governo e fazer o país avançar ainda mais. Executivo da área financeira e pouco popular, ele será o primeiro candidato do Movimento ao cargo desde 1994, quando Orestes Quércia conquistou 2.772.121 dos votos, 4,38%, e terminou na quarta posição. Nos últimos anos, o partido preferiu apostar nas alianças para se manter no poder, demonstrando grande flexibilidade ideológica. Mas sua imagem ficou manchada entre os eleitores após uma série de escândalos envolvendo a sigla.

 

Em entrevista à Sputnik Brasil, o cientista político Ricardo Ismael, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), comentou que a grande maioria dos analistas já considerava pouco provável uma candidatura de Michel Temer à reeleição, embora o próprio presidente tenha afirmado essa possibilidade. Para o especialista, no entanto, Meirelles, assim como Temer, antes de encarar o julgamento do público, pode sofrer com obstáculos dentro do seu próprio partido, que está longe de ter essa união defendida hoje no "Encontro com o Futuro". 

Temer ou Meirelles: quem será o candidato do MDB?
"Eu não sei se o Meirelles tem, hoje, chance de tentar convencer esses senadores, esses governadores, os políticos de uma maneira geral do MDB a se empenharem na sua candidatura. Porque, na verdade, há um problema, o Meirelles, nas pesquisas [realizadas] até agora, não tem aparecido com intenções de voto que possam dar a ele uma condição de candidato competitivo", afirmou. 

Meirelles, de acordo com o pesquisador, terá pelo menos três grandes dificuldades pela frente. A primeira se refere ao fato de que as diferentes vertentes do MDB apresentam um comportamento muito mais voltado para os interesses estaduais, complicando a articulação nacional em torno de um nome para presidência. Em segundo lugar, ele acredita que o pré-candidato apostou em um cenário no qual a economia iria "bombar", fazendo dele, ministro da Fazenda até o mês passado, um nome forte. Isso, no entanto, não está se confirmando. Por último, outro grande obstáculo é o próprio perfil do candidato, um ex-banqueiro com uma trajetória sem ligação com preocupações sociais. 

"É muito difícil imaginar que o Meirelles consiga, nesse momento do país, ocupar espaços que já começam a ser ocupados por outros candidatos, candidatos que certamente estão no jogo da política há muito mais tempo", opina Ismael.

No caso do presidente Temer, o cientista político acredita que a postura adotada por ele, de demonstrar viável sua disputa pela reeleição, teve como objetivo evitar um enfraquecimento ainda maior do seu governo e da sua figura diante da base aliada e da opinião pública em meio a inúmeras denúncias. 

"A situação dele é muito frágil", comenta. "Ele, como é um político muito experiente, de longa estrada, tem que tentar criar alguma coisa, tentar ocupar algum espaço, para que a sua figura não se torne mais frágil ainda do que já é". 

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