Tradicionalmente, uma parte considerável de tais fóruns como o SPIEF é dedicada a questões do ativismo juvenil e movimentos juvenis no contexto da globalização. Esse ano não foi exceção e contou com uma participação vasta, inclusive de representantes do grupo Future Team — entidade criada na sequência do Festival de Juventude que se deu no ano passado em Sochi.
Uma das sessões realizadas no terceiro dia do evento foi dedicada ao papel de tais grupos nos processos de integração em torno do globo e reuniu participantes de várias nações, algumas delas separadas por milhares de quilômetros. Compareceram até vários representantes dos EUA, agitando o público com seus discursos entusiasmados, o que mais uma vez prova a futilidade das sanções no relacionamento russo-americano, que continua com grande potencial, pelo menos nos olhos da juventude.
O palestrante sul-africano, Afrika Mkhangala, acabou por seu uma das "estrelas" do painel, não apenas por seu discurso inspirador, mas também por seu visual. Vestido com roupas tradicionais do seu país, o rapaz "brilhou" na discussão e até recebeu vários pedidos de selfies após o evento.
Entre outras atividades, o jovem é o responsável pela publicação da revista do grupo BRICS, que faz questão de abordar os assuntos mais urgentes do bloco, tanto a nível político como econômico.
"A edição se foca na economia, política e arte no âmbito do grupo BRICS. […] Seu conteúdo é supervisionado por especialistas em suas áreas, temos autores por todo o mundo, profissionais em campos particulares. Eles se debruçam sobre temas complicados e nós tentamos transmiti-los em um formato mais compreensível", contou.
A revista se publica tanto na versão on-line como em papel. A primeira, de fato, sai todos os dias, enquanto a publicação imprimida é trimestral.
Sputnik Brasil: É evidente que há muita coisa boa nessa parceria, tem muito potencial. No entanto, queria lhe perguntar também, como jovem especialista, que desafios, a seu ver, o bloco está encarando hoje em dia.
O jovem explicou que, apesar de possuírem uma visão comum do mundo, cada um dos países tem seus próprios interesses nacionais e age de acordo com eles.
"Por exemplo, nós [os sul-africanos] gostaríamos que os países dos BRICS, particularmente a Rússia e a China, que são membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU… Como sabe, na primeira semana de junho ocorrerá uma reunião da ONU para escolher os seis membros rotativos. E a África do Sul voltou a manifestar sua disponibilidade para isso. Achamos que temos feito um trabalho exemplar ao longo dos últimos anos e somos a nação certa para ser eleita [para o Conselho de Segurança]", frisou.
Além disso, adiantou que o país conta com a ajuda dos seus amigos do bloco para alcançar conquistas de mais envergadura no âmbito das Nações Unidas.
"De fato, esperamos que nossos parceiros no BRICS concordem que devemos ter um assento permanente, que represente o continente como um todo", disse.
Para ele, não se trata necessariamente de "um conflito", mas de diferenças nas abordagens e visões que costumam surgir em tal tipo de organizações e podem facilmente ser harmonizadas caso seja feito o esforço necessário.
AM: Eu acho que temos de olhar um pouco para trás e entender como é que o BRICS funciona. O BRICS é baseado em acordos mútuos, eles [os países] operam através de sherpas [representantes oficiais], que participam do Secretariado do BRICS. Todas as discussões que terão lugar na África do Sul já foram acordadas por todos os representantes: brasileiro, russo, chinês, indiano e, evidentemente, pelo representante principal, que nesse caso é o embaixador Sooklal sul-africano. Os principais cinco temas, ou seja, os subtemas, já foram acordados por todos os países.
Além do mais, o ativista sul-africano expressou a esperança do que as decisões alcançadas na cimeira sejam adequadas para implementação na prática.
Um dos destaques da reunião multilateral, segundo o jovem, será a quarta revolução industrial que literalmente está revolucionando a vida dos países. Assim, um dos objetivos é resolver como enquadrar as nações neste processo da melhor maneira possível.
S: Falando desse formato ampliado, que foi proposto no ano passado na cúpula de Xiamen, será que isso pode evoluir para um alargamento real? E de que maneira você vê tais problemas, como, por exemplo, as relações difíceis entre alguns membros permanentes e os convidados? Particularmente, estou me referindo ao caso da Índia e do Paquistão, convidado em 2017, sendo que são rivais de longa data.
AM: Nesse estádio, se trata da participação apenas. Vamos ver se os chefes de Estado fazem algumas declarações sobre a possível ampliação. Sim, os países têm seus problemas, mas isso não nos priva da capacidade de trabalhar juntos.[…] O BRICS+, ou a ampliação do bloco, na verdade não começou na China. Começou na África do Sul, em Durban, no ano de 2010, quando sediamos o evento. Fomos os primeiros a convidar países de fora, foram vinte.
O jovem especificou que os participantes em questão foram predominantemente do contingente africano, pois a África do Sul está se sentindo "a porta" para a região, responsável por promover os interesses do continente todo e não apenas de si mesma.