"Hooligans" russos, falta de segurança, polícia descontrolada… Esses e muitos outros têm sido mitos impostos pelos veículos de comunicação ocidentais ao longo do último ano. Esses, pelo visto, tiveram como finalidade impedir o sucesso da Copa 2018 na Rússia através desse estranha maneira de intimidação. Pois, a melhor maneira de descobrir a verdade é falar com os torcedores reais que tiveram "coragem" de viajar para a Mãe Rússia. Foi isso que fizemos — confira!
O primeiro grupo que encontramos foi a "malta" portuguesa em um dos bares mais enigmáticos de Sochi. Carlos, Manuel e Madalena vieram de Lisboa, alugando um carro já ao chegar, e planejam percorrer todo o país durante a Copa.
"Vamos viajar para todas as cidades da Rússia. Agora vamos para Rostov", diz Carlos. "[A cidade é] muito simpática e as pessoas são simpáticas também", adianta Madalena com ar sorridente ao se deleitar com um dos pratos típicos da região e um copinho de cervejinha fresca.
A comida, contudo, lhes pareceu bem diferente daquilo ao que estão acostumados — pois "não tem peixe, a exceção é o salmão", adianta Manuel. Porém, uma das finalidades de viajar é precisamente provar coisas novas, não é?
Ao responder à pergunta sobre as precauções e dúvidas que poderiam ter tido antes de ir para a Rússia, Carlos disse que não tinha nada disso por já ter conhecido o local, inclusive na Copa das Confederações, e "estava tudo muito tranquilo".
"Andamos com carro, temos carro para andar aqui, para Moscou, vamos de uma cidade para outra. […] Temos menos medo aqui que no Brasil. Senti mais insegurança no Brasil. [Rússia] é um país lindo", confessa.
Já Madalena reconhece que estava um pouco preocupada e até recebeu vários alertas por parte de amigos.
"Na perspetiva de vir pela primeira vez, e eu vinha pela primeira vez… Estava um pouco ansiosa, toda a gente dizia: cuidado com os russos", se diverte a jovem, como que se surpreendendo com o fato de que a expectativa foi diferente da realidade. Agora, assegura, está se sentindo muito "fixe" [fixe significa o mesmo que "legal"] e curtindo sua passagem.
Churrasco 'ao nível do brasileiro'
Os portugueses que vieram à Rússia pela empresa RAX acabaram sendo uma das "estrelas" da noite de 15 de junho em Sochi. Vestidos de camisas da seleção nacional, com bandeiras e canções acaloradas, não conseguiam escapar a inúmeros pedidos de selfies em frente do estádio Fisht.
"Estou em sucesso. Nunca fizemos tantas fotografias como agora", sorri o lisboeta Carlos, "atacado" por todos os lados em meio a danças e celebrações da torcida do todo o mundo.
Sendo perguntado se já encontrou os misteriosos "hooligans" russos ou se sentiu alguma insegurança ao chegar, o torcedor desabafa:
"Não, não houve nada disso. Só que não conseguimos entender nada que eles dizem [rindo]. É fantástico, muito hospitaleiro, um povo fantástico!".
Reconhece, porém, que pequenos problemas acontecem: um deles é de comunicação. Segundo dizem vários torcedores com quem falamos, nem todo o pessoal de hotéis tem inglês impecável.
"Mas de qualquer forma, deu tudo certo. Está muito calmo", acrescenta Carlos.
"A comida é fabulosa. Não sei o nome daquilo, mas é um churrasco espetacular, ao nível do brasileiro. E muito econômico!", partilha o português.
Outros "portugas" dando show na Avenida Olímpica, cantando o hino nacional, também afirmam não ter tido nenhuma problema de segurança até agora.
"Somos tugas, duros, somos 12 pessoas. De Guimarães, Braga e Ovar", conta o Henrique, apressado para entrar no estádio e ver a estrela do CR7 em ação. "Está tudo ótimo. […] Não houve nada até agora, tudo bem, tudo tranquilo, o povo russo é muito simpático apesar de não falar inglês. Até agora, sem problema nenhum, tudo tranquilo, não há problema nenhum de segurança", diz.
"A comida é diferente, pouco peixe, mas também é mar Negro, não tem peixe de água [de oceano]", acrescenta.
'Russas lindas'
Encontramos outro grupo de torcedores "portugas" em um barzinho perto do Fisht — os lisboetas da gema, Fernando, Francisco e Miguel. Estes, de fato, estavam na cidade de passagem — e nem até na própria Sochi, pois o Parque Olímpico fica no Adler, região bem afastada do centro.
Seu amigo Francisco acrescenta ainda sobre a tranquilidade com a segurança:
"Nada. Zero. No hotel, saímos sem chave dos quartos. Até agora, nada."
"As russas são lindas!", grita Miguel, olhando para uma loira que passa próximo a eles.
"E mesmo a segurança russa é muito discreta, porque ainda não vimos absolutamente nada. Sabíamos que deviam estar por aí, mas não vimos absolutamente nada", partilha Fernando, com ar contente.
'Sochi é o melhor lugar'
Não eram apenas os habitantes da terra de Camões que torceram pela seleção Portuguesa. Inúmeros brasileiros aproveitaram o evento para montar seu próprio espetáculo e confessaram apoiar povo luso nas arquibancadas.
"Sochi é o melhor lugar. Eu já passei por Moscou — frio, chuva. Sochi — melhor lugar, praia… Embora a cidade seja menor", diz mineiro Gabriel, de Belo Horizonte.
"Os russos estão recebendo muito bem [a gente]. Com todos que conhecem uma língua, inglês ou espanhol, não tem problema. Mas a gente sentiu alguma dificuldade com tua língua, mas sempre com cara boa, nunca teve problema", adianta.
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