Falando na Lancaster House antes de uma reunião com a primeira-ministra Theresa May, o secretário-geral da OTAN Stoltenberg disse que os laços entre a Europa e os EUA sobreviveriam às tensões e desacordos sobre questões como comércio e o acordo nuclear com o Irã.
"Nosso vínculo é forte, mas alguns estão duvidando da força desse vínculo. E sim, vemos diferenças entre os Estados Unidos e outros aliados em questões como comércio, clima e o acordo nuclear com o Irã", disse. "Não está escrito em pedra que o laço transatlântico sobreviverá para sempre, mas acredito que vamos preservá-lo", acrescentou.
O apelo de Stoltenberg pela união vem antes de uma cúpula da aliança de 29 membros, prevista para acontecer em Bruxelas em 11 ou 13 de julho, dependendo da visita do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Reino Unido.
A cúpula é considerada uma das mais carregadas da história da organização, com Trump em disputa com o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e com a chanceler alemã Angela Merkel em várias questões, entre as quais a exigência de que aliados europeus gastem mais com defesa.
Atualmente, apenas 5 membros da OTAN estão gastando o mínimo de 2% do PIB em defesa, conforme exigido pelo presidente dos EUA, com o Reino Unido entre eles.
Em março, o secretário do Tesouro dos EUA, Steve Mnuchin, anunciou que os membros que buscam isenções das tarifas de aço e alumínio devem aumentar suas contribuições para a organização, um sinal de ameaças potenciais que Trump pode citar quando chegar à Europa.
Durante seu discurso, Stoltenburg elogiou o Reino Unido como "instrumental" no sucesso da aliança e que liderou pelo exemplo quando se tratava de gastos com defesa.
Temores em Londres
A visita e os comentários de Stoltenberg provavelmente agradarão autoridades e ministros do Ministério da Defesa, que estão sofrendo de "ondas de choque" após um acalorado encontro entre o secretário de Defesa britânico Gavin Williamson, em maio, e o chanceler Mark Hammond no início desta semana.
Segundo o jornal Financial Times, Williamson foi orientado a repensar as capacidades necessárias para ser uma potência militar de "primeiro escalão" e concentrar-se mais na capacidade da Grã-Bretanha para enfrentar qualquer ameaça de guerra cibernética, inclusive da Rússia.
Embora um porta-voz da Downing Street tenha reafirmado o compromisso da primeira-ministra com a Grã-Bretanha de "poder militar líder", os ministros do Ministério da Defesa têm insistido em elevar as capacidades militares convencionais, insistindo que a Rússia não está satisfeita em lançar ataques cibernéticos.
Escrevendo no jornal The Times à frente do discurso de Stoltenberg, Williamson falou principalmente sobre a importância que a OTAN desempenhou para a segurança europeia em um "momento crucial na história da nação", mas também apoiou Trump na exigência de que outras nações gastem mais em defesa.
"Saudamos o fato de que muitos aliados europeus estão aumentando seus gastos com defesa, mas nosso continente tem que assumir maior responsabilidade por sua própria segurança. A Europa não pode esperar terceirizar suas defesas para os contribuintes americanos", escreveu Williamson.
Na quarta-feira, o ministro das Forças Armadas britânicas, Mark Lancaster, disse à conferência anual do Royal Power Services Institute (RUSI) que a Rússia não estava satisfeita com operações cibernéticas e conflitos indiretos por medo de "sujar as mãos".
Chamando de "mito" o fato da Rússia não vir a usar "poder bruto" no futuro, Lancaster disse que investir em capacidades de defesa cibernética não era suficiente e que manter e atualizar suas forças tradicionais permanecia essencial.
Williamson e o Ministério da Defesa estão atualmente compilando uma revisão dos planos futuros de suas Forças Armadas e em quais setores a economia pode ser feita para compensar um déficit de financiamento que pode chegar a £ 20 bilhões (US$ 26,2 bilhões).
Devido ao relatório no outono, grande parte da drenagem de fundos é causada por planos de gastos para novos navios de guerra e submarinos nucleares, bem como pela modernização da frota de caças da Força Aérea Real com os caças F-35 Lightning II.