Em abril deste ano, a Petrobras anunciou sua intenção de vender 60% de sua participação em duas empresas de refino, o que inclui também terminais e dutos de movimentação de petróleo e combustível. Ao todo, são quatro refinarias no mercado: Abreu e Lima, em Pernambuco, Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, e Presidente Getúlio Vargas, no Pará, e Landulho Alves, na Bahia.
A FUP tenta barrar o negócio por meio de ação na Justiça Trabalhista. De acordo com a entidade, as refinarias respondem por 40% da capacidade de refino no Brasil.
As refinarias são responsáveis por transformar petróleo em combustível e outros derivados.
"As refinarias da Petrobras estão operando com uma carga reduzida. Em média, as refinarias do país estão operando com 68% de sua capacidade total, na Bahia é 53%. Ao invés da Petrobras abastecer o mercado nacional, quem está abastecendo são as importadoras que estão trazendo principalmente diesel e gasolina de outros países, principalmente refinarias caribenhas — que são na verdade dos Estados Unidos."
As refinarias do exterior conseguem um preço melhor porque estão operando em sua capacidade máxima, "portanto com um menor custo unitário de produção", diz o diretor da FUP.
De acordo com informações do balanço da Petrobras reunidas pelo UOL, a empresa tem perdido participação no mercado de combustíveis. Em 2016, sua participação na venda de gasolina era de 90%, número que caiu para 83% em 2017. No mercado de diesel, a participação foi de 83% para 74% no mesmo período.
'Podemos impactar na produção mundial'
O Brasil é hoje o 9° maior produtor de petróleo do mundo, mas pode chegar ao clube dos 5 maiores produtores mundiais em menos de 10 anos. A previsão foi feita à Agência Brasil pelo diretor de Estudos de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE) José Mauro Ferreira.
O diretor da FUP ressalta que a entrada do Brasil neste seleto clube não é necessariamente boa para o país. Ele avalia que a simples exportação de commodities pode colocar o país novamente na posição de "colônia" que exporta certos produtos e importa itens manufaturados de maior valor e tecnologia.
"A gestão da Petrobras, principalmente Pedro Parente, foi na contramão do que as grandes petroleiras internacionais têm feito. Elas tornaram-se grandes empresas de energia, integradas e verticalizadas. Elas vão desde a prospecção, exploração de petróleo e gás até o refino e a petroquímica e a geração de energia, com energia renovável também. Essas empresas de energia, como Shell, Total, ExxonMobil, estão vindo hoje para o Brasil não só para adquirir as reservas gigantescas do pré-sal, mas também adquirir a preço de banana ativos da Petrobras como plataformas, refinarias e fábricas de fertilizantes, plantas de biocombustíveis. Essa gestão está indo na contramão do que a indústria petrolífera do mundo tem feito".