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'Ele chorou e me abraçou', diz pai brasileiro separado do filho nos EUA

Vinte e seis dias depois de ser preso na fronteira entre os EUA e México com seu filho, brasileiro diz que não tem ideia de quando encontrará novamente o menino de 9 anos - que fala apenas português.
Sputnik

Em uma entrevista por telefone na noite desta quinta-feira (21), o brasileiro de 31 anos falou à agência Associated Press sob a condição de que seu nome não fosse revelado porque ele teme por sua vida caso seja deportado para o Brasil. O pai, que fez um pedido de refúgio, falou do centro de detenção do condado de Cibola, em Milan.

O brasileiro, do estado de Minas Gerais, afirmou que desde que foram separados falou apenas uma vez com seu filho.

“Ele chorou. Estava muito triste”, disse sobre seu filho. “Prometi a ele que seriam apenas de três a cinco dias”.

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O homem, natural do estado de Minas Gerais, disse que recentemente havia sido demitido da padaria onde trabalhava. Ele contou que tinha uma dívida de cerca de US$ 8.000 que não podia pagar e que uma gangue criminosa o estava perseguindo para forçá-lo a pagar. Ele se recusou a entrar em detalhes.

Por isso ele decidiu ir aos Estados Unidos com o plano de encontrar trabalho. Ele e seu filho de 9 anos pegaram um voo para a Cidade do México e depois foram para a fronteira. No Brasil, ficaram a sua mulher e seu outro filho de 3 anos.

Ao tentarem atravessar a fronteira perto de San Isidro, na Califórnia, os dois foram pegos por agentes da fronteira e encaminhados a um centro de detenção onde estavam muitas outras famílias.

"Por dois dias, tudo o que nos deram foi salgadinhos, barras de cereal e suco", disse.

Então lhe disseram que seu filho seria levado a um centro para menores de idade, e que eles ficariam separados por não mais do que cinco dias.

"Não queria assustá-lo. Disse: ‘Olhe filho, irei por três dias, cinco no máximo, e depois vou ver você de novo'", contou. "Ele chorou e me abraçou. Ele é um bom menino. Nunca foi separado de mim ou de sua mãe".

Dez dias depois, o pai foi informado que seu filho foi levado a um escritório do programa americano de Reassentamento de Refugiados em Chicago. Então procurou uma ajuda legal e um advogado de imigração acabou o ajudando com uma conversa telefônica de 20 minutos com o garoto.

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Nesse meio tempo, o filho tinha conseguido entrar em contato com a sua mãe no Brasil. Quando eles foram separados, o pai deu ao filho o seu aparelho celular, que tinha o telefone de sua esposa.A mãe do menino falou à AP nesta quinta que seu filho é autorizado a telefonar às segundas e quintas e cada conversa pode durar 30 minutos.

Ela disse que o menino está mais calmo do que em suas primeiras conversas, mas ainda está ansioso para ver os pais. O menino tem que tomar ritalina por hiperatividade, e o centro continua a administrar o remédio, disse a mãe.

"Ele chora muito", disse a mãe, que tem 31 anos e trabalha na limpeza de prédios. "Ele está mais calmo agora, mas ainda quer sair de lá. É horrível. Terrível", disse. "As crianças estão sofrendo. Os pais também".

Os dois pais disseram à AP que perguntaram diversas vezes quando verão o seu filho. Eles estão esperançosos de que a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump na última quarta-feira para interromper a separação de famílias imigrantes possa dar mais clareza a eles, mas isso ainda não aconteceu.

O pai disse que teve uma entrevista do pedido de refúgio na quinta. Quando perguntou sobre seu filho, o agente disse que ele era responsabilidade de outro departamento.

A mãe disse que recebeu respostas vagas e parecidas do centro que acolhe o filho, por meio de um advogado.

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Um escritório de advocacia que trabalha com imigrantes entrou com processos judiciais contra o governo federal em nome do menino de 9 anos e de outro brasileiro, de 15 anos, que também foi separado de seu pai. Eles sustentam que a separação e os processos contra os pais são ilegais e pedem a reunificação das famílias.

"Estamos trazendo essas ações porque o que essas famílias têm passado é uma farsa", disse Karen Hoffmann, uma advogada que trabalha nos casos. "Ninguém sabe como serão as reunificações das famílias. O governo certamente não sabe".

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