Os principais apoiadores do Brexit, enquanto isso, advertiram o governo britânico a não adiar ou reduzir, de alguma forma, a saída do bloco de 28 países. O ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, disse que a primeira-ministra Theresa May deve entregar o "Brexit britânico completo", e que seria essa a vontade dos eleitores.
O referendo do Brexit deu vitória à saída da UE por 52% a 48% dos votos, em 23 de junho de 2016. A saída oficial está marcada para 29 de março de 2019. Mas o país — e seu governo conservador — continuam divididos sobre que tipo de relacionamento econômico querem com o governo. europeu.
A marcha contra o Brexit, repleta de bandeiras UE, seguiu neste sábado pelo centro de Londres até o Parlamento britânico, pedindo um novo referendo sobre o acordo de saída do Reino Unido e a UE.
A multidão chegou a reunir 100 mil pessoas, segundo os organizadores estimando. A polícia não forneceu uma estimativa oficial. Uma marcha rival pró-Brexit, exigindo que o Reino Unido não se comprometesse com a UE atraiu também ocorreu, mas atraiu muito menos pessoas.
A campanha "Voto Popular", que organizou a marcha, argumenta que a opinião pública está se voltando contra o Brexit à medida que os custos econômicos se tornam mais claros.
James McGrory, um dos organizadores, disse que os eleitores "fizeram todos os tipos de promessas" durante o referendo Brexit. "Mas dois anos depois, tudo o que temos são promessas não cumpridas, uma economia que já está sentindo a tensão do Brexit e um governo paralisado por divisões internas", disse ele à AP.
O manifestante Matthew Mann, um britânico que é casado com uma francesa e mora na Holanda, disse que estava "aqui para mostrar como é um europeu".
"Eu vivi e trabalhei em toda a Europa — é meu lar", disse ele.
Os líderes dos conservadores da Grã-Bretanha e do Partido Trabalhista da oposição se opõem à realização de outro referendo Brexit, apesar de muitos membros de ambos os partidos discordarem. Partidos menores, incluindo os verdes e os liberais democratas, apoiam a realização de um novo referendo sobre o Brexit.
"O Brexit não é um acordo fechado. O Brexit não é inevitável. O Brexit pode ser parado", disse o líder liberal-democrata Vince Cable à multidão.
Em um artigo para o jornal The Sun, Johnson disse que May não deve entregar um Brexit "meio indiferente", que ele comparou a um rolo de papel higiênico — "macio, flexível e aparentemente infinitamente longo".
O secretário de Comércio Internacional, Liam Fox, disse à BBC que a UE precisa entender que a Grã-Bretanha está disposta a abandonar as negociações do Brexit, se necessário, porque "nenhum acordo seria melhor do que um mau acordo".
Muitas empresas alertam que o fracasso em chegar a um acordo de livre comércio entre o Reino Unido e a UE seria um desastre econômico. A fabricante européia de aviões Airbus alertou na sexta-feira (22) que pode deixar o território britânico — onde emprega cerca de 14 mil pessoas — se o país sair da UE sem um acordo sobre futuras relações comerciais.
Katherine Bennett, vice-presidente sênior da empresa no Reino Unido, disse que "um não-acordo sobre o Brexit seria catastrófico", segundo a AP.