Washington intensifica guerra comercial e Pequim já pôs em jogo sua arma principal

A administração de Trump pretende restringir investimentos chineses em empresas dos EUA que operam nos setores de produção de tecnologias aeroespaciais e robóticas. No entanto, o gigante asiático já tomou todas as medidas de precaução para se proteger deste passo estadunidense.
Sputnik

Segundo o jornal Financial Times, a medida americana pode levar a consequências mais duradouras nas relações econômicas entre os dois países do que as provocadas por uma guerra de tarifas aduaneiras, que está em curso.

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A medida tem sido discutida nos últimos dias pela administração de Trump, segundo fontes citadas pelo Financial Times, mas, por enquanto, não se sabe quão rápido a iniciativa entrará em vigor. Não há certas informações também se as restrições forem aplicadas em relação a investimentos chineses em fundos de capital de risco que dão recursos necessários a empresas emergentes dos EUA.

De acordo com dados recolhidos por grupo de pesquisas (research provider), Rhodium Group, os investimentos diretos da China nos EUA diminuíram 90%, ou seja, para apenas 1,8 bilhão de dólares (R$ 6,7 bilhões) na primeira metade de 2018. É uma redução considerável se levar em consideração o fato de que em 2016 as empresas chinesas investiram 46 bilhões de dólares (R$ 173,7 bilhões) na economia americana.

Segundo altos funcionários da administração estadunidense, as novas restrições são necessárias porque Washington está travando uma guerra verdadeira de inovações contra o gigante asiático.

Além disso, a administração de Trump pode vir a aplicar a Lei sobre os Poderes Econômicos em caso de Emergência Internacional (IEEPA, na sigla em inglês) que concederá poderes amplos ao presidente do país em caso de emergência econômica. Aprovada nos anos 70, a lei foi utilizada para impor sanções contra o Irã e a Coreia do Norte.

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Porém, Pequim já encontrou a arma com que poderá se proteger de efeitos negativos, causados pelas medidas estadunidenses. Sua arma poderosa se chama o yuan.

O Banco Popular da China declarou em 25 de junho que baixará 0,5% da norma de reservas bancárias obrigatórias que o bancos comerciais devem manter nas contas do principal regulador financeiro.

De acordo com a agência Reuters, esta medida fará com que se libertem 108 bilhões de dólares. Um investimento tão grande na economia do gigante asiático permitirá consolidar o fluxo de créditos concedidos a pequenas empresas, assim como ajudará a manter o crescimento econômico do país a níveis razoáveis.

Como consequência deste aumento do dinheiro em circulação, a taxa de câmbio do yuan perdeu em relação ao dólar, tal como previam as autoridades chinesas, informa o portal Vesti Finance.

A desvalorização da moeda nacional contribui para dissuadir as empresas chinesas de investir seus recursos em países com uma moeda mais cara do que o yuan. Por esta razão, é possível que as companhias chinesas prefiram comprar mercadorias por preços internos mais baixos do que no exterior e exportá-las para outros países, já que, em caso de desvalorização da moeda nacional, as exportações tendem a ser mais caras.

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A estratégia chinesa pode ser viável, pois a taxa de câmbio do yuan, segundo o Vesti Finance, continua sendo mais ou menos estável em relação às cestas de moedas de seus principais sócios.

Em 15 de junho, Trump declarou que Washington introduzirá tarifas de 25% sobre produtos tecnológicos chineses no valor de 50 bilhões de dólares (R$ 189,22 bilhões), ou seja, cerca de um décimo de todas as exportações chinesas aos EUA.

Em resposta, a China anunciou que tarifará em 25% 659 produtos americanos, também por uns 50 bilhões de dólares.

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