Pequim revela sua arma secreta contra Washington

Durante sua campanha eleitoral, Donald Trump acusou repetidamente a China de manipular sua moeda para obter vantagens comerciais. Tratar-se-ia de uma desvalorização artificial do yuan como ferramenta para tirar proveito das relações comerciais.
Sputnik

Trump prometeu castigar o "manipulador de moedas", mas até agora não houve acusações oficiais e tudo não passou de um simples conjunto de palavras, disse o colunista da revista russa Expert Sergei Manukov.

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A China passa à ação

Segundo o especialista, é provável que, depois que os EUA se recusaram três vezes a apresentar uma acusação oficial, as autoridades chinesas tenham decidido que é hora de usar essa arma secreta — embora conhecida por todos — da guerra comercial.

Afinal de contas, as duas maiores economias do mundo em essência manipulam suas moedas, explicou o autor. Por exemplo, depois da última ameaça de imposição de tarifas sobre todos os produtos chineses importados pelos EUA, o valor do yuan baixou. De fato, a moeda chinesa atingiu seu mínimo em relação ao dólar no decorrer deste ano.

Poderia a China responder aos EUA?

Segundo Manukov, até agora a China respondeu de maneira comparável às ações dos EUA. Mas Pequim não poderá neutralizar a ameaça de Washington de impor tarifas sobre todos os produtos chineses, sublinhou o especialista.

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As quedas do yuan põem em dúvida a capacidade da China de se opor aos EUA, continuou Manukov. A desvalorização do yuan coincidiu com os anúncios de Donald Trump sobre seus planos de "castigar" a China por concorrência desleal no comércio.

Além disso, neste ano o Banco Popular da China reduziu o limite de fundos de reserva dos bancos. Assim, a última redução deveria aumentar o nível de liquidez no sistema financeiro chinês em 108 bilhões de dólares (R$ 418 bilhões).

Sob um olhar atento

O especialista destacou o relatório publicado pelo Departamento do Tesouro dos EUA sobre os parceiros comerciais do país. Embora nele não figure uma acusação direta de que a China está manipulando a sua moeda, o país entrou na "lista de monitoramento".

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De acordo com o colunista do Expert, os países que fazem parte dessa "lista negra" correm o risco de ser sujeitos a sanções se satisfizerem três condições: a existência de um grande superávit no comércio com os EUA, um superávit "material" da conta corrente no comércio com os EUA e a intervenção unilateral nos mercados de câmbio.

Portanto, apesar de ser uma medida eficaz, a desvalorização da moeda é uma faca de dois gumes que pode afetar ambas as partes, sublinhou Manukov. Existe um risco de que a fuga de capitais que ocorreu na China em 2015 se venha a repetir. Além disso, a desvalorização não contribuirá para a melhoria das relações com Donald Trump. Pequim deve ser extremamente cauteloso usando essa "arma", concluiu o especialista.

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