'Muito provável': será que exército cibernético de Pyongyang é tão perigoso como dizem?

Em um relatório publicado recentemente pelo Conselho Russo para Assuntos Internacionais, diz-se que ao longo dos últimos unos, as tropas cibernéticas norte-coreanas efetuaram muitos ataques que causaram danos no valor de milhões de dólares.
Sputnik

O especialista na Coreia do Norte, Konstantin Asmolov, contou à Sputnik Mundo se o exército de hackers é na verdade tão perigoso como dizem.

"O conjunto básico de evidências são inúteis aqui. Dizem que foi endereço IP norte-coreano. Ótimo. Quantos programas temos que substituem o IP, começando com VPN?", pergunta o interlocutor da agência.

Segundo o analista, os elementos do código de programação encontrado nos ataques, foram classificados como norte-coreanos. Também apontou que o código de programação pode passar de um vírus a outro.

"Acontece que os norte-coreanos de alguma forma entram em redes fechadas; que as pessoas com pouco conhecimento sobre o mundo exterior roubam coisas pelas quais é necessário saber muito bem os problemas das redes. Surge a questão: qual é o número dos assim chamados ataques norte-coreanos que na realidade foram ações dos insiders?", continuou o especialista.

Asmolov sugeriu que este relatório é uma releitura dos materiais da imprensa de má qualidade e investigações publicadas anteriormente, bem como abordou o tema da competência profissional dos seus autores.

Segundo ele, os rumores sobre a existência do exército cibernético norte-coreano "se baseiam em um sistema de provas muito fraca".

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"Esta situação, em que uma coisa 'muito provável' se soma a outra 'provável', e como consequência do processo essa palavra 'provável' desaparece. Depois concluímos que está provado que existe um vestígio norte-coreano", opina Asmolov.

O analista comparou a situação com os argumentos do Ocidente sobre o caso Skripal, quando não foram apresentadas as provas diretas do envolvimento da parte russa.

Os argumentos se limitam às palavras "mas quem mais poderia fazer isso, senão eles?", reforçou Asmolov.

Além disso, o especialista não exclui a possibilidade de que por trás dos "ataques hackers" estão funcionários incompetentes responsáveis pela segurança de computadores, "empresas vítimas". Ele concluiu que eles atribuem os seus erros a terceiros para não assumir a responsabilidade pelos seus fracassos.

Hoje em dia, a Coreia do Norte conta com seis mil pessoas, enquanto, por exemplo, o contingente da tropa cibernética norte-americana criada em 2009 e subdivisões cibernéticas nos serviços militares dos EUA, conta com pouco menos de sete mil pessoas.

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Nos últimos quatro anos a tática da Coreia do Norte passou por três etapas muito importantes — de ataques "ideológicos" como ataque ao canal britânico Channel 4 que buscava mostrar o filme sobre o sequestro por Pyongyang do físico nuclear, e da Sony Pictures que produziu o filme "Entrevista sobre Kim Jong-un", até o lucro com ataques na Internet e, como consequência, ao negócio de tecnologias de informação legal.

Alguns especialistas até veem correlação entre a questão nuclear e êxitos na esfera de segurança cibernética. Por exemplo, em fevereiro de 2013, janeiro de 2016 e setembro de 2016, durante os testes nucleares ocorreram sérios ataques cibernéticos organizados pelo Norte que não caíram no foco da mídia.

No entanto, mesmo se restringir o acesso da Coreia do Norte à Internet, é pouco provável que os ataques terminem, já que os hackers norte-coreanos estão espalhados por todo o mundo e podem continuar os ataques de qualquer canto do Sudeste Asiático.

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