Mundo 'trumpiano' ganha força: ex-conselheiro dos EUA qualifica OTAN como 'obsoleta'

Christian Whiton, ex-conselheiro de Estado durante a administração Bush e no governo de Donald Trump, assinalou em um artigo para a revista The National Interest que a OTAN virou obsoleta e que a organização já não possui os antigos inimigos.
Sputnik

"Quando a aliança foi formada em 1949, o primeiro secretário-geral, Hastings Ismay, resumiu o seu objetivo de maneira concisa: 'Manter os russos fora, os EUA dentro, e a Alemanha sob controle'", recordou Whiton.

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Suas palavras podem ser entendidas no contexto histórico da época, contudo, os tempos mudaram. A Rússia – que não é a União Soviética – já não representa uma ameaça, assinalou a edição

Apesar das intermináveis buscas por uma nova missão para justificar a enorme carga tributária sobre os contribuintes norte-americanos, desde então, a OTAN deixou de ser muito útil. Depois dos ataques terroristas em 11 de setembro de 2001, a aliança invocou o artigo 5 de defesa mútua da organização em nome dos EUA. Entretanto, as ações dos aliados dos EUA não se mostraram um gesto grandioso — a missão da OTAN no Afeganistão dependia principalmente das forças norte-americanas e de fato, fracassou, apontou Whiton.

"Hoje em dia, os burocratas da aliança, bem como vários países integrantes da organização, qualificam a ameaça por parte da Rússia como uma razão para manter a organização viva", destacou. Isso, simultaneamente, contrasta com os gastos em defesa dos países da aliança. Entre os 29 integrantes, "somente os Estados Unidos levam a sério" as obrigações expressas no 3º artigo e gastam aproximadamente 3,5% do seu PIB — US$ 7 bilhões (R$ 27 bilhões) com a defesa, indicou.

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O Reino Unido e a Polônia são a exceção, eles seguem cumprindo o compromisso de gastar 2% do Produto Interno Bruto para os mesmos objetivos, recordado repetidamente por Trump ao resto dos países da aliança. O Canadá gasta apenas 1% do seu PIB e a Alemanha 1,2%.

"A realidade é que não há inimigo russo que seja verdadeiramente capaz de representar uma ameaça para o Ocidente. A Rússia possui um milhão de militares, o segundo maior número do mundo depois dos EUA. Mas a União Europeia poderia facilmente igualar este número com suas economias contabilizando US$17 trilhões (R$ 65), dez vezes mais que a da Rússia", reflete Whiton.

Agora, quando no século XXI a OTAN perdeu sua razão de existir, Trump deveria reduzir os esforços do país na organização, e diminuir sua presença perto das fronteiras do Leste Europeu, assinalou o autor da matéria. 

"Os EUA precisam de transferir a maior parte de seus recursos posicionados na Europa e no Atlântico para a região do Indo-Pacífico, onde a China e o Irã representam ameaças reais aos Estados Unidos", ressaltou Whiton. 

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