Elon Musk e sua tentativa de atrair atenção usando acidente com crianças tailandesas

Hoje na Tailândia terminou, segundo a mídia local, a operação de resgate de um time juvenil de futebol, 12 garotos e seu técnico, que estiveram presos em uma caverna inundada.
Sputnik

Da operação complicada participaram dezenas de especialistas locais e estrangeiros. Até o famoso empresário Elon Musk propôs sua ajuda no salvamento das crianças.

O analista russo, Viktor Murakhovsky, comentou o papel de Musk na operação e o que o fundador da Space X e Tesla tem a ver com a situação atual na Rússia.

O colunista lembrou que Musk entrou em cena apenas cinco dias depois de as crianças terem sido encontradas, se dando conta que seu salvamento virou evento de nível internacional, o famoso empresário escreveu no seu Twitter que havia enviado seus engenheiros para que ajudassem no local e depois anunciou ter criado e testado com sucesso um minissubmarino para resgate dos meninos.

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No entanto, Narongsak Osatanakorn, o chefe da operação de resgate comunicou mais tarde que o equipamento "não possui utilidade prática para nossa operação de resgate de hoje". Murakhovsky não vê nisso nada de surpreendente, pois uma coisa é postar no Twitter um vídeo com a invenção em uma piscina e outra coisa é usá-la em uma operação real em túneis estreitos, cheios de água e escuros, por onde nem um mergulhador com cilindro de ar consegue passar.

Apesar da pouca eficácia prática da invenção de Musk, continua o colunista, as postagens do empreendedor nas redes receberam muitos elogios por parte dos internautas, inclusive de russos, criando a impressão que foi ele que salvou os garotos.Neste contexto, o analista destaca um fato curioso: Musk e suas invenções de ponta, embora não tenham salvo ninguém, são admirados por aqueles russos que, ao mesmo tempo, acham insignificativos e fracassados os avanços nacionais.

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Murakhovsky admitiu que na sociedade russa há uma grande camada de pessoas que tendem a elogiar os avanços estrangeiros, mesmo que não existam, e menosprezar categoricamente os russos, mesmo que sejam óbvios.

O exemplo mais candente é o desempenho da Seleção Russa na Copa: havia muitos que achavam que a Rússia seria logo derrotada no primeiro jogo contra a Arábia Saudita. À mesma categoria Murakhovsky atribui os russos que duvidavam da construção da ponte da Crimeia e não acreditavam no sucesso da operação antiterrorista na Síria, entre outros.

Elon Musk, neste caso, é apenas um dos meios para contrapor seu sucesso aos fracassos da pátria, criando a imagem de uma Rússia fracassada.

Daí pode surgir a pergunta — para quê? Para o colunista a resposta é simples: uma Rússia que progride e avança limita a "liberdade" desta categoria de cidadãos.

"Se [um tal crítico da Rússia] tem sucesso, é por seu próprio mérito […] Se não tem sucesso, então a falta não é dele, mas são consequências da natureza defeituosa por princípio da Rússia. Em ambos os casos ele não deve nada a ninguém, mas a ele lhe devem tudo", explicou Murakhovsky.

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É por essa razão que o foguete Falcon, que não conseguiu levar à órbita um satélite secreto do Pentágono, mas lançou no espaço um carro Tesla por uma centena de milhões de dólares, parece muito mais eficiente do que o setor aeroespacial russo, que neste ano colocou todos os objetos no lugar correto, ressalta o autor.

Assim, o empresário norte-americano e canadense se torna uma imagem de referência da "não-Rússia eficiente", sendo uma espécie de "cápsula de salvamento" para essas pessoas.

"Musk […] é representado como um meio gratuito e na moda para fugir mentalmente da pátria real", conclui o analista.

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