Europa terá indústria de defesa atrasada enquanto depender da OTAN, diz analista

Para o especialista tcheco, a indústria de defesa europeia não poderá competir com a dos EUA enquanto a Europa depender da OTAN. Para provar seu ponto de vista, ele lembrou os problemas da indústria aeronáutica europeia.
Sputnik

A UE aprovou seu primeiro programa de apoio à inovação na indústria de defesa, que prevê a criação de um fundo de 500 milhões de euros (cerca de R$ 2,3 bilhões). O programa deve apoiar as empresas da indústria europeia a financiar o desenvolvimento de tecnologias. O político tcheco Stanislav Mackovik deu sua opinião sobre esse programa.

"No âmbito da OTAN fala-se muito sobre compatibilidade dos sistemas. Os EUA sempre usam essa figura de linguagem quando planejam promover seus interesses militares e comercias. Além da aliança, a Rússia e a China também estão promovendo seus produtos no mercado mundial de armamentos. Não consigo imaginar que nos próximos anos os produtores europeus superem os produtores de armas dos EUA na OTAN, da Rússia e da China", explicou ele à Sputnik República Tcheca.

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Segundo a Comissão Europeia, o objetivo do programa é melhorar a competitividade da indústria de defesa europeia e fortalecer a independência da Europa nesse campo. Para Mackovik, os programas europeus independentes podem ser bem-sucedidos até certo ponto. Entretanto, ele duvida que a longo prazo os países membros da OTAN possam concorrer no âmbito da aliança.

"Por exemplo, o fornecimento dos aviões de combate. É possível adquirir para a Força Aérea um avião produzido na Europa, mesmo em países que não são membros da OTAN, mas uma série de seus componentes importantes será produzida nos EUA. Por isso, é agradável ter um Gripen produzido na Suécia, barato e, em geral, eficaz, mas ele tem um motor produzido sob licença e armas norte-americanos", explicou ele.

O concorrente europeu do Gripen é o Eurofighter Typhoon. O Typhoon é um resultado da cooperação do Reino Unido, Alemanha, Espanha e Itália. Apesar dos esforços conjuntos, os quatro países não conseguiram obter sucesso na construção de aviões devido aos altos custos operacionais.

Os Eurofighter Typhoon entraram no serviço da Força Aérea da Áustria, um país bastante rico. Mas em 2017, foi anunciado que em 2020, depois de 13 anos da entrada no serviço, todos os 15 aviões não seriam usados mais. Segundo o Ministério da Defesa da Áustria, a modernização dos aviões e os custos de sua produção seriam para os contribuintes no valor de entre 4,4 e 5,1 bilhões de euros (entre 20 e 23 bilhões de reais). Se os Eurofighter Typhoon na Força Aérea da Áustria forem subsistidos pelos Gripen da Suécia ou F-16 dos EUA, será possível economizar cerca de dois bilhões de euro (R$ 9 bilhões).

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Na Europa a produção dos Eurofighter Typhoon emprega cerca de 100.000 pessoas. São aviões de alta qualidade, mas devido ao seu preço elevado apenas os países ricos podem comprá-los. Os italianos fornecem os Typhoon ao Kuwait. O Reino Unido os vende ao Omã, Qatar e a Arábia Saudita. São estes compradores estrangeiros que salvam os produtores de aviões europeus, opinou Mackovik.

Quanto ao futuro da indústria de aviação europeia, há duas opções possíveis: os países europeus poderiam começar a desenvolver seus próprios caças de nova geração, ou eles vão depender por completo dos fornecedores norte-americanos.

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