'Como nos filmes de terror': por que turismo obscuro é tão atraente? (FOTOS)

O desejo de conhecer novos lugares sempre esteve presente na humanidade. Ainda hoje, pessoas continuam explorando cantos praticamente desconhecidos do nosso planeta. Mas, com os anos, surgem novas tendências de passatempo, em particular, o turismo obscuro.
Sputnik

Esse termo foi especialmente inventado para descrever viagens a estranhos lugares abandonados, que sediaram tragédias ou catástrofes e que, sem dúvidas, deixaram traços de sofrimento ao longo dos anos.

A Sputnik tentou esclarecer por que turistas de todo o mundo viajam para esses lugares macabros.

Entre os lugares mais populares se encontram as "cidades dos mortos" na Ossétia e na Chechênia, "a ilha da morte" no arquipélago das ilhas Solovetsky (norte da Rússia) e a cidade de Pripyat, onde está localizada a antiga usina nuclear de Chernobyl, no norte da Ucrânia.

Torre do necrópole Tsoi-Pede na reserva natural Argunsky, distrito de Itum-Kalinsky, república de Chechênia perto da fronteira com a Geórgia, Rússia

Um visitante que já viajou a um desses pontos turísticos revelou suas emoções.

"O desejo de ir a Pripyat surgiu quando eu ainda era criança ao encontrar fotos da cidade fantasma na Internet", conta Dmitry Shemyakin, que visitou a cidade com um grupo turístico.

Interior de um edifício residencial da cidade abandonada de Pripyat, Ucrânia

"Esperava ver somente um grande número de edifícios residenciais vazios, mas durante a excursão entendi que tudo era mais difícil. Uma vez até me afastei propositalmente do meu grupo para sentir o silêncio da cidade. Foi realmente apavorante", continua.

De acordo com ele, a visita provocou emoções completamente diferentes: interesse, curiosidade e tristeza.

'Como nos filmes de terror'

Outro aventureiro de São Petersburgo, Mikhail Zhitukhin, que também gosta de visitar lugares aterrorizantes, partilhou suas emoções após uma viagem semelhante.

"Pripyat é de dar medo e a única enfermaria №126 é absolutamente como nos filmes de terror, dá para sentir a morte", conta, adicionando que a excursão superou todas as expectativas e que a "adrenalina ultrapassou todos os limites".

Ao mesmo tempo, o blogger moscovita Sergei Anashkevich revelou já ter visitado cidades fantasmas inúmeras vezes, e nem relaciona sua viagem ao vilarejo Dergavs na Ossétia do Norte-Alânia ao turismo obscuro.

Dargavs – a mística "cidade dos mortos" na Ossétia do Norte-Alânia, Rússia

"São apenas necrópoles, de fato — grandes cemitérios, é o mesmo que, por exemplo, ir a uma excursão pelos cemitérios de Paris", opina.

Para o moscovita, Dargavs é um lugar favorável ao turismo graças aos caminhos, banquinhos e cestos de lixo. Faltam apenas lojas de lembrancinhas, destaca.

Turismo obscuro na Rússia

Lobos radioativos de Chernobyl poderão espalhar mutações para países vizinhos?
De acordo com um site popular dinamarquês dedicado ao turismo obscuro, na Rússia há mais de 500 localidades obscuras.

"Quase toda tragédia afeta a história, por isso a fronteira entre o turismo histórico e o obscuro não é muito clara", acredita o presidente da União Turística Nacional, Roman Skory, adicionando que após a Grande Guerra pela Pátria, visitas aos locais de luto se tornaram tradição para os russos.

O que exatamente leva pessoas a visitarem esses lugares 'macabros'?

Na maioria das vezes, as pessoas visitam cidades fantasmas ou outras localidades semelhantes em busca de emoções especiais.

O psicoterapeuta Konstantin Olkhovoi divide os turistas "obscuros" em três categorias. Na primeira entram as pessoas com sensibilidade emocional baixa que buscam experiências fortes. A segunda é composta por aqueles que estão entediados. E a terceira inclui os adolescentes que costumam romantizar a morte.

Quaisquer que sejam as razões, o turismo obscuro vem ganhando grande popularidade, com cidades fantasmas atraindo cada vez mais visitantes. É uma tendência comum para sociedade moderna e, além disso, contribui para preservação da memória cultural e histórica.

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