Esse termo foi especialmente inventado para descrever viagens a estranhos lugares abandonados, que sediaram tragédias ou catástrofes e que, sem dúvidas, deixaram traços de sofrimento ao longo dos anos.
A Sputnik tentou esclarecer por que turistas de todo o mundo viajam para esses lugares macabros.
Entre os lugares mais populares se encontram as "cidades dos mortos" na Ossétia e na Chechênia, "a ilha da morte" no arquipélago das ilhas Solovetsky (norte da Rússia) e a cidade de Pripyat, onde está localizada a antiga usina nuclear de Chernobyl, no norte da Ucrânia.
Um visitante que já viajou a um desses pontos turísticos revelou suas emoções.
"O desejo de ir a Pripyat surgiu quando eu ainda era criança ao encontrar fotos da cidade fantasma na Internet", conta Dmitry Shemyakin, que visitou a cidade com um grupo turístico.
"Esperava ver somente um grande número de edifícios residenciais vazios, mas durante a excursão entendi que tudo era mais difícil. Uma vez até me afastei propositalmente do meu grupo para sentir o silêncio da cidade. Foi realmente apavorante", continua.
De acordo com ele, a visita provocou emoções completamente diferentes: interesse, curiosidade e tristeza.
'Como nos filmes de terror'
Outro aventureiro de São Petersburgo, Mikhail Zhitukhin, que também gosta de visitar lugares aterrorizantes, partilhou suas emoções após uma viagem semelhante.
"Pripyat é de dar medo e a única enfermaria №126 é absolutamente como nos filmes de terror, dá para sentir a morte", conta, adicionando que a excursão superou todas as expectativas e que a "adrenalina ultrapassou todos os limites".
Ao mesmo tempo, o blogger moscovita Sergei Anashkevich revelou já ter visitado cidades fantasmas inúmeras vezes, e nem relaciona sua viagem ao vilarejo Dergavs na Ossétia do Norte-Alânia ao turismo obscuro.
"São apenas necrópoles, de fato — grandes cemitérios, é o mesmo que, por exemplo, ir a uma excursão pelos cemitérios de Paris", opina.
Para o moscovita, Dargavs é um lugar favorável ao turismo graças aos caminhos, banquinhos e cestos de lixo. Faltam apenas lojas de lembrancinhas, destaca.
Turismo obscuro na Rússia
"Quase toda tragédia afeta a história, por isso a fronteira entre o turismo histórico e o obscuro não é muito clara", acredita o presidente da União Turística Nacional, Roman Skory, adicionando que após a Grande Guerra pela Pátria, visitas aos locais de luto se tornaram tradição para os russos.
O que exatamente leva pessoas a visitarem esses lugares 'macabros'?
Na maioria das vezes, as pessoas visitam cidades fantasmas ou outras localidades semelhantes em busca de emoções especiais.
O psicoterapeuta Konstantin Olkhovoi divide os turistas "obscuros" em três categorias. Na primeira entram as pessoas com sensibilidade emocional baixa que buscam experiências fortes. A segunda é composta por aqueles que estão entediados. E a terceira inclui os adolescentes que costumam romantizar a morte.
Quaisquer que sejam as razões, o turismo obscuro vem ganhando grande popularidade, com cidades fantasmas atraindo cada vez mais visitantes. É uma tendência comum para sociedade moderna e, além disso, contribui para preservação da memória cultural e histórica.