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Cada um por si? Número de armas registradas cresce vertiginosamente no Brasil

Segundo dados obtidos pelo Instituto Sou da Paz por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o número de novas armas de fogo registradas no Brasil no ano passado foi cerca de oito vezes superior ao registrado dez anos antes.
Sputnik

Em 2007, foram registradas 3.901 novas armas para pessoas físicas e, em 2017, foram 33.031, o que representa um crescimento de cerca de 744,7% em uma década.

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No ano passado, havia 328.893 armas registradas nas mãos de pessoas físicas no país, sendo o estado campeão o Rio Grande do Sul, com 52.909, seguido de São Paulo (48.487) e Santa Catarina (33.392). 

Mas a que se deve esse aumento? O crescimento do número de registros de armas de fogo estaria diretamente ligado ao aumento do cenário de violência em todo o Brasil? A aquisição de armas pela população se deve, entre outras causas, à sensação de total insegurança vivida pela população brasileira?

Para Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz, a resposta é sim. 

"Sim, acho que uma das principais explicações para essa crescente demanda da população em comprar uma arma tem a ver, sim, com a insegurança. A gente teve um aumento de homicídios em várias regiões, principalmente olhando a região nordeste. E aí, da perspectiva individual, a gente precisa compreender esse medo da população e entender que isso traz consequências dentro dessa decisão de comprar ou não comprar uma arma", disse ele em entrevista à Sputnik Brasil.

"E isso tem tanto a ver com indicadores reais, com crimes que subiram de fato em muitos estados, mas também com quanto que circula de informação sobre violência nos estados."

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De acordo com o pesquisador, embora, com medo da violência, as pessoas prefiram investir em armas, uma possível revogação do Estatuto do Desarmamento, como defendem alguns políticos que devem disputar as eleições de outubro, o que aumentaria, sem dúvida, ainda mais o número de armas em circulação, aumentaria também justamente esses já assustadores índices de violência. Ele explica que não é preciso especular muito para chegar a tal conclusão, já que esse período já existiu na nossa história. 

"A taxa de mortos por arma de fogo pré-Estatuto do Desarmamento era 7% ao ano. E aí, mesmo depois do Estatuto do Desarmamento, que teve uma primeira queda em 2004 e 2005, e depois volta a subir, ele [o índice] volta a subir em números muito menores. Ele crescia a uma taxa de 7% ao ano e ele passa, depois, a crescer a uma taxa de 0.3%", destacou. "Então, a gente precisa olhar com carinho para a manutenção dessa legislação". 

Ainda para o especialista, são muitos os riscos à segurança aumentados pelo maior número de armas em circulação, que vão desde acidentes ao aumento no número de casos de suicídios.

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