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Gen. Mourão quer participação mais ativa dos militares na política do Brasil (EXCLUSIVO)

A reboque da campanha de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, que vem apresentando bons índices nas últimas pesquisas de intenção de voto, os militares planejam eleger uma bancada da classe nas eleições de outubro.
Sputnik

Em entrevista exclusiva à Sputnik Brasil, o general de Exército da reserva e presidente do Clube Militar Hamilton Mourão afirma que espera contar com a eleição de 10 a 12 candidatos para compor o grupo suprapartidário, que terá atuação semelhante à das já conhecidas bancadas ruralista e evangélica.

"Se a gente lograr êxito nas urnas e conseguir eleger 10% dos nossos candidatos, é óbvio que esses homens, com o conhecimento de país que eles têm, com a visão macro do país, poderão trabalhar para o engrandecimento e pela recuperação do nosso país", enfatiza Mourão, que ganhou projeção nacional ao acenar com intervenção militar para resolver a crise política.

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Para o pleito deste ano, os candidatos vão contar com o apoio do Clube Militar, que vai disponibilizar uma plataforma de ensino a distância com palestras de um grupo de pensadores. A intenção, segundo o presidente da entidade, é criar um "pensamento único" para o grupo.

"O que nós estamos fazendo é reunir um grupo de pensadores que irão montar uma série de palestras gravadas, e, por meio de uma plataforma de ensino a distância, nós permitiremos que todos os nossos candidatos oriundos do meio militar e também aqueles que tenham uma comunhão de ideias com a gente acessem essas palestras. A partir daí, nós teremos um núcleo de pensamento único de todos esses candidatos, independente do partido ao qual pertençam. E óbvio que eles terão que adaptar essas ideias a cada um dos estados onde estejam concorrendo", frisa o general.

Hamilton Mourão vê na crise "política, econômica e de valores" pela qual passa o país um dos propulsores da entrada de mais militares na vida política. "Nós vemos que a sociedade vem buscando junto ao segmento Forças Armadas, pela confiabilidade que esse segmento tem passado para a sociedade, que ele tenha uma participação mais ativa na política do país", afirma.

A ideia da entrada de militares na política, no entanto, não é unanimidade. Diversos grupos da sociedade rechaçam a participação de cidadãos oriundos das Forças Armadas no pleito eleitoral.

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Em fevereiro deste ano, a nomeação do general da reserva do Exército Joaquim Luna e Silva como ministro da Defesa, sendo o primeiro militar a ocupar o cargo após a redemocratização, causou intenso debate nas redes sociais.

Mourão defende o grupo afirmando que se buscou inocular na sociedade brasileira uma hegemonia de pensamento na sociedade brasileira, "o politicamente correto", que criou uma visão distorcida dos cidadãos oriundos do meio militar.

"Existe uma visão distorcida do que vimos a ser todos nós oriundos do meio militar. Até porque a imensa parcela da sociedade jamais teve contato com o grupo militar, nunca serviu ao Exército, desconhece as questões de defesa e segurança que sempre são relegadas a um plano. Então existe essa dicotomia em nossa sociedade", lamenta o general.

Hamilton Mourão ainda rechaça a política atual, baseada, segundo ele, em um balcão de negócios, e reafirma que uma mudança política deve se realizar em torno de programas.

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