'Grande demais para falhar': por que EUA sacrificam a qualidade do caça F-35?

Após quase 12 anos de testes em que foram gastos aproximadamente US$ 60 bilhões (R$ 225 bilhões), em abril de 2018, o caça F-35 de quinta geração finalmente conseguiu superar os testes relacionados à fase de Demonstração do Sistema (SDD, na sigla em inglês).
Sputnik

No entanto, mesmo o alto comando militar e representantes da Lockheed Martin tendo destacado ser uma grande conquista, algo importantíssimo vem sendo ignorado. A revista Military Watch destaca que só conseguiram passar pela fase SDD, porque as exigências foram reduzidas.

"O Departamento de Programas Conjuntos do Exército dos EUA foi forçado a cancelar uma série de testes, diminuindo, assim, os padrões para que o caça pudesse atingir tardiamente seus níveis de desempenho: pelo menos no papel", diz a revista.

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Como o caça não conseguiu atender os padrões exigidos da máquina, foi uma medida crítica para evitar mais atrasos e despesas.

Consequentemente, ao diminuir o desempenho do caça, o exército receberá uma aeronave consideravelmente menos capaz do que se esperava.

"É um sacrifício necessário para reduzir os custos de desenvolvimento na hora de entregar o avião", de acordo com a revista.

O artigo explica a importância de superar a primeira fase dos testes para chegar à segunda, que avalia a prontidão do avião para o combate. Somente depois de passar pela segunda fase, o Pentágono poderá aprovar a produção em massa desejada tanto pelo exército como pela fabricante do F-35.

A Força Aérea e a Marinha dos EUA declararam que seus F-35 estavam aptos a serem utilizados antes mesmo de passarem pelos testes.

"Dada a quantidade de problemas técnicos sem solução que esses combatentes têm, é uma declaração tênue", continua o artigo.

Enquanto isso, a Marinha dos EUA se recusou a declarar que sua versão do caça, conhecida como F-35C, esteja pronta para o combate. E não dará esta declaração até que o caça seja aprovado em todos os testes. De fato, esta é a razão pela qual esta versão do caça de quinta geração entrará em operação consideravelmente depois de suas outras duas versões, segundo a revista.

O programa de desenvolvimento do F-35 é o programa de armas mais caro da história: custou aproximadamente US$ 1,6 bilhão (cerca de 6 bilhões de reais) até o momento. Então, "é muito grande para falhar" e ele nunca questionou se o combatente passaria nos testes: era uma questão de ver como e quando ele faria isso.

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"Cinco anos atrás, o caça tinha que entrar em produção em massa e atualmente tem um desempenho significativamente menor nos testes, então a redução das demandas parecia ser a única maneira de evitar atrasos mais inevitáveis", diz o autor do artigo. Sem dúvidas, os requisitos de testes fracos aceleraram a entrada do F-35 em serviço, bem como sua entrega aos aliados dos EUA, disse o relatório. No entanto, isso acarreta riscos para as vidas dos pilotos e para as capacidades de combate das forças aéreas usando esses caças de quinta geração, já que eles podem se mostrar mais vulneráveis do que o esperado.

Resta saber se versões posteriores do jogo que entrarão em serviço a partir de meados da década de 2020 poderão compensar os problemas que ainda podem surgir. No entanto, a mídia ressalta que, com os mais de 1.000 F-35 planejados para serem fabricados, em fases preliminares de produção, os problemas de desempenho continuarão a ser um sério obstáculo para seus operadores por décadas.

Anteriormente, o combatente de quinta geração inovador foi alvo de notícias devido a uma infinidade de problemas técnicos apresentados. Assim, em um relatório oficial do Departamento de Defesa americano, cerca de 1.000 "problemas não solucionados" são mencionados, como problemas com o software do caça, pneus de curta duração ou deficiências na interface do capacete do piloto.

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