Feito em Donbass: que armas usam as milícias para resistir ao exército ucraniano

Como é o arsenal de armamentos da República Popular de Donetsk (RPD) e quais são os equipamentos usados pelas milícias para defender sua autoproclamada independência? O colunista da Sputnik, Nikolai Protopopov, apresenta uma resenha interessante sobre o tema.
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Cheburashka

O lançador múltiplo de foguetes Cheburashka foi apresentado ao público pela primeira vez em 9 de maio de 2018, durante a Parada da Vitória em Donetsk. Já passadas duas semanas, as Tropas Táticas de Mísseis da RPD usaram esses novos armamentos contra as Forças Armadas da Ucrânia em Avdeevka. O fogo foi aberto em resposta à morte do miliciano Mamai e mostrou toda a precisão e potência do novo sistema.

Donetsk testa com sucesso seu próprio lança-foguetes (VÍDEO)
Vale ressaltar que os construtores de Donetsk decidiram construir duas versões do sistema: com um ou com dois blocos de foguetes para 32 e 64 disparos, respectivamente. O alcance do Cheburashka, por sua vez, varia entre 600 metros e 10 quilômetros.

De acordo com o especialista militar russo Aleksei Leonkov, o sistema Cheburashka, de qualquer modo, não pode ser comparado com os sistemas Grad ou Smerch russos.

"Os sistemas de foguetes produzidos em Donetsk são de bastante qualidade, mas pelas suas caraterísticas de combate eles perdem muito para os equipamentos produzidos em série e usados pelas Tropas de Mísseis russas. Nossos lançadores múltiplos de foguetes são sustentados por toda uma ciência militar e tecnológica. Os componentes dos sistemas, as guias e os foguetes — tudo isso é produzido com conhecimentos profundos. Mas, se falarmos de fogo balístico, o Cheburashka pode disparar eficazmente a distâncias curtas. Não se sabe qual será seu prazo de vida útil. Mas acredito que bastará para várias dezenas de disparos", analisou.

Em opinião do especialista, o principal objetivo do novo armamento é oferecer resistência aos possíveis avanços do exército ucraniano através da linha da frente.

É interessante recordar que o chefe da RPD, Aleksandr Zakharchenko, falou também sobre a criação de uma versão marítima do Cheburashka, mas por enquanto nenhuns detalhes sobre isso apareceram em fontes abertas.

Medidas contras franco-atiradores

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O fuzil de grande calibre Separatist dificilmente pode ser chamado de arma ligeira simples, pois se parece mais com um pequeno canhão. Ele foi criado com base no canhão automático antiaéreo soviético ZU-23 e tem o mesmo calibre — 23 mm. O fogo é efetuado por disparos individuais — com munições convencionais, incendiárias, de fragmentação e perfurantes de blindagem.

Evidentemente, é impossível usar este fuzil com um bipé simples ou com as mãos, pois pesa quase 45 quilos, por isso os construtores de Donetsk inventaram um tripé especial para esta arma. Além disso, o Separatist está equipado com mira telescópica e tem alcance de até 3,5 quilômetros, ele pode perfurar blindados ligeiros e paredes de tijolos.

Mais uma novidade da RPD no campo de armas ligeiras é a espingarda de precisão Donchanka que, segundo explicaram as autoridades da república, foi a resposta ao fornecimento de fuzis americanos Barrett M107A1 ao exército ucraniano. A arma tem o calibre de 14,5 mm e alcance de 1.200 metros.

Armas de combate próximo

A pistola Oplot é, por sua vez, um produto completamente "doméstico" dos construtores da RPD. Sua principal peculiaridade consiste em dois canos removíveis e substituíveis para cartuchos de diferentes tipos. A versão menos potente é destinada, em primeiro lugar, para as forças armadas, enquanto a modificação mais leve se planeja usar na polícia.

Tomando em conta que a RPD não tem produção própria de munições, o caráter universal da pistola e sua capacidade de usar munições de diferentes tipos são os fatores-chave.

"Os construtores de armas da região de Donetsk têm todos os recursos e capacidades para produzir suas próprias armas", disse Leonkov. "Anteriormente, nos territórios das RPD e RPL havia depósitos de armas. E, regra geral, perto deles existem empresas que fazem recuperação e manutenção de equipamentos militares. A propósito, Kiev também tenta ressuscitar tanques de lotes antigos, mas não o conseguem fazer muito bem. Acho que os êxitos da RPD são causados por sua muito grande motivação. Aqui se trabalha com consciência, pois se entende: qualquer erro, falha ou baixa qualidade das armas pode levar a mortes entre a população civil local", resumiu.

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