Washington poderá suspender ajuda militar a Kiev por causa dos laços com Pequim?

O jornal americano The Washington Post publicou uma matéria criticando Kiev por vender motores de aviões à China. Analistas acreditam que os EUA não deixarão este assunto sem atenção.
Sputnik

O jornal estadunidense, citando a edição chinesa China Daily, relatou que a empresa ucraniana Motor Sich forneceu à China 20 motores para seus caças de treinamentos avançados L-15 no âmbito do acordo firmado em 2016. O contrato de 380 milhões de dólares (R$ 1484 bilhões) prevê ao todo a venda de 250 motores.

Os analistas americanos opinaram que, ao mesmo tempo que recebe ajuda de Washington, Kiev "esfaqueia nas costas a Marinha dos EUA".

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Segundo opinou um representante do Centro de Análise do Comércio Internacional de Armas russo, Washington ficará atento ao assunto.

"Recebendo ajuda militar americana no valor de $250 milhões, Kiev ao mesmo tempo está fortalecendo o potencial militar de Pequim, que é considerado um dos principais adversários militares e econômicos de Washington. Daí resulta uma colisão interessante que, tenho a certeza, o Congresso e a administração de Trump não deixarão sem atenção", disse.

O especialista russo opinou que a duplicidade política de Kiev pode ter consequências graves para o país, podendo até levar à suspensão da ajuda militar por parte dos EUA.

"[O presidente ucraniano] tenta receber benefícios de todos os principais jogadores mundiais […]. Se o Congresso se preocupa com a segurança dos EUA, então precisará […] de suspender o programa de ajuda militar à Ucrânia", afirmou.

Bogdan Bezpalko, membro do Conselho de Relações Internacionais da presidência da Rússia, acredita por sua vez que os Estados Unidos já sabiam que Kiev vende motores à China, mas agora poderão usar esta informação para pressionar os candidatos à presidência ucraniana (as eleições estão previstas para março de 2019).

"Os Estados Unidos poderão bloquear ostensivamente o programa de ajuda. Isso pode ser doloroso para os círculos governantes do país. Washington poderá usar instrumentos financeiros […] Como a Ucrânia é de fato um Estado falido, será uma situação equivalente à morte", sublinhou o político.

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Porém, Sergei Kozlov, especialista em assuntos internacionais, duvida que a opinião dos analistas americanos coincida com a das autoridades. Apesar disso, acredita que Washington está cada vez mais decepcionado com o atual governo ucraniano.

"Está claro que os representantes oficiais de Kiev são cada vez mais um fator irritante para Washington. Inclusive porque as autoridades ucranianas mostram uma oposição crescente às medidas que os EUA tentam realizar na Ucrânia", disse Kozlov ao serviço russo da Rádio Sputnik.

Trata-se, nomeadamente, da criação de um tribunal constitucional, de reformas econômicas e de medidas anticorrupção, entre outras, detalhou o cientista político.

Para Kozlov, a venda de motores à China por Kiev é apenas um dos fatores que decepcionam os EUA e que deterioram a imagem da Ucrânia.

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