Manipulador de moedas: Trump está levando o dólar à desvalorização

A cotação do dólar está em alta e os indicadores de mercado indicam crescimento adicional. Mas em médio prazo, devido à política protecionista de Donald Trump, a moeda dos EUA entrará em um longo período de enfraquecimento, alertam economistas.
Sputnik

Aumento nas taxas de juros

A moeda americana é alimentada pela aceleração do crescimento econômico, cortes fiscais generalizados e aumento dos gastos com defesa. Mas, como destaca o professor de economia de política internacional da Universidade da Califórnia (EUA), Benjamin Cohen, o curso econômico do atual presidente dos Estados Unidos acabará levando a um enfraquecimento significativo do dólar.

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Segundo Cohen, o dólar não está se fortalecendo por razões fundamentais, mas principalmente devido a taxas de juros mais altas na economia.

O aumento das taxas encoraja os investidores a transferir dinheiro para o dólar, estimulando a demanda pela moeda americana. Os fluxos do capital de investimento inundam a economia do país literalmente de todos os cantos do globo, informam analistas.

Crescimento do déficit orçamentário

Mas há uma desvantagem na moeda: o aumento do déficit orçamentário. O Estado tem que pedir mais e mais pagamentos para atender a uma enorme dívida que está crescendo, e a reforma tributária de Trump apenas exacerbou a situação, facilitando a vida das corporações e empresas, mas reduzindo significativamente as receitas orçamentárias.

Gastos desproporcionalmente altos do governo são o combustível para o fogo da dívida, disse o congressista republicano Andy Biggs.

"O país gasta mais do que recebe e é forçado a pedir dinheiro emprestado. O déficit estrutural cria um ‘efeito cíclico'. Acho que estamos nos movendo para o abismo", disse o parlamentar.

Tendência de abandonar o dólar

O economista ressalta que movimentos em curto prazo nos mercados financeiros não permitem julgar o estado real das coisas.

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A tendência para o dólar, que por décadas é considerado o ativo mais confiável e líquido do mundo, não é nada favorável. A culpa de tudo isso é a militância de Trump, que ameaça a posição privilegiada da unidade monetária americana.

A China persuadiu a Rússia a aceitar o yuan como pagamento pelo gás natural e prepara o terreno para a transferência de pagamentos de petróleo na moeda nacional. Outros países estão à procura de opções para contornar as sanções dos EUA contra o Irã, por exemplo, a Índia paga parte do fornecimento do petróleo iraniano com bens, em vez de dólares.

Em paralelo, a Rússia e a China acumulam ativamente ouro nas reservas internacionais, reduzindo a dependência da moeda norte-americana. Nestes dois países, cerca de 10% de todo o ouro está concentrado no mercado mundial.

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"No final de tudo, o dólar ficará debilitado, privilégios injustificados e a influência global americana vão evaporar e tudo o que o país aguarda em longo prazo será o enfraquecimento contínuo da moeda e da recessão econômica", concluiu Cohen.

No final de agosto, em entrevista à Reuters, Trump acusou a China e a União Europeia de manipularem sua própria moeda, afirmando que também não estava "entusiasmado" com os aumentos das taxas de juros da Reserva Federal. Já em Wall Street afirmam que é possível que o próprio líder americano comece a enfraquecer sistematicamente o dólar a fim de reduzir o déficit comercial.

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