Moscou: EUA prezam mais derrota de regimes indesejáveis do que combate ao terrorismo

Nesta quarta-feira (29), o chanceler russo, Sergei Lavrov, apontou que os EUA estão começando a intensificar tensões em torno da cidade síria de Idlib, enquanto a Rússia gostaria de saber como Damasco poderia ter armas químicas se os EUA e a França as destruíram.
Sputnik

"Não é a primeira vez que os EUA, em diferentes administrações, põem objetivo de troca de regimes indesejáveis em posição mais importante do que erradicar o terrorismo e extremismo", assinalou Lavrov no decorrer de uma coletiva de imprensa com seu homólogo saudita Adel al-Jubeir. Segundo ele, isso ocorreu no Iraque e na Líbia, e agora estão tentando fazer o mesmo na Síria.

Pentágono irá posicionar sistema de defesa antimíssil no norte da Síria, diz mídia
"E agora, quando os norte-americanos começam a aumentar tensões ao redor de Idlib e voltam a ameaçar punir o governo [sírio] caso ele utilize armas químicas, nós perguntamos: 'Como o governo [da Síria] poderia ter armas químicas se vocês [norte-americanos], juntamente com franceses e britânicos, destruíram-nas no ano passado?'", indagou Lavrov.

De acordo com ele, a resposta dos EUA foi a seguinte: "Foram os franceses que disseram, nós não dissemos assim."

Entretanto, o chanceler russo frisou que a Rússia e os EUA continuam discutindo a situação de Idlib. "Em se tratando dos nossos contatos com os norte-americanos [sobre Idlib], estes contatos estão sendo realizados."

Sergei Lavrov recordou que este tema foi abordado com o secretário de Estado Mike Pompeo e com o assessor de Segurança Nacional americano John Bolton. Além disso, segundo ele, para coordenar o assunto em torno de Idlib, usa-se um canal de comunicação entre militares russos e americanos.

Aonde podem levar novos ataques dos EUA contra Síria?
O chanceler comentou também as declarações do Ocidente sobre a probabilidade de um ataque químico em Idlib, afirmando que Moscou sabe o preço destas afirmações, e recordou que situações similares já aconteceram antes.

"Situações similares ocorreram antes. Estou falando sobre 2016, Khan Shaykhun, e sobre 2017, Ghouta Oriental, onde eventos aconteceram em abril. Naquela época, o governo sírio também foi acusado, mas nós sabemos o preço destas acusações muito bem", indicou.

Ele assinalou que, em se tratando de Khan Shaykhun, a Rússia insistiu que a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) realizasse uma inspeção, contudo "colegas do Ocidente, principalmente este trio que agora está ameaçando Damasco com novos ataques, bloqueou a entrada dos inspetores para recolher amostras da substância do local".

"Era evidente para qualquer pessoa que se tratou de uma encenação. Pelo visto, nossos colegas do Ocidente não queriam que essa evidência fosse ainda mais gritante", assinalou Sergei Lavrov. 

EUA querem 'arrancar parte do espaço aéreo' da Síria, diz politólogo
Recentemente, o Ministério da Defesa russo divulgou dados sobre a preparação de uma possível encenação e reiterou sua preocupação sobre o aumento da presença militar dos EUA na região. Por sua vez, o Pentágono desmentiu que os EUA estejam concentrando suas forças na Síria para realizar um ataque com mísseis, mas afirma "estar pronto para agir" caso receba tal ordem do presidente norte-americano, Donald Trump. 

No que diz respeito a Ghouta Oriental, a Rússia conseguiu fazer com que a OPAQ realizasse inspeção na região, recordou Lavrov.

"Quando inspetores estavam a algumas horas do local do incidente, EUA, Reino Unido e França efetuaram ataques com mísseis. Acho que todo mundo percebe a falsidade dessa situação, quando as acusações foram apresentadas e impediram que inspetores executassem a investigação necessária", ressaltou.

Comentar