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Venezuela afirma que 'milhares' de imigrantes querem voltar para casa

Milhares de venezuelanos estão clamando para voltar ao país caribenho em meio à recessão, à hiperinflação e a uma economia em colapso, afirmou o governo do presidente Nicolas Maduro nesta quarta-feira, enquanto o Brasil enviou tropas para a fronteira com seu vizinho em crise.
Sputnik

Um dia depois de Maduro ter dito às centenas de milhares de compatriotas que já fugiram da pior crise econômica da região para "voltar da escravidão econômica: pare de limpar banheiros no exterior e volte a morar em sua terra natal", o ministro das Comunicações, Jorge Rodriguez, disse que muitos estão tentando fazer exatamente isso.

Rodriguez afirmou que as embaixadas venezuelanas em todo o mundo estão inundadas com pedidos de cidadãos para voltarem para casa, mas que o governo "não pode divulgá-las até que isso aconteça em tempo real" por medo de "retaliação contra os venezuelanos que buscam a repatriação".

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Segundo as Nações Unidas, cerca de 1,6 milhão de venezuelanos fugiram do país desde 2015, com os números se acelerando o tempo todo.

Na segunda-feira, a Venezuela fretou um avião para trazer 89 cidadãos de volta do Peru, onde Maduro disse que eles sofreram "racismo, desprezo, perseguição econômica e escravidão".

O Peru recentemente reforçou seus controles de fronteira, exigindo que os venezuelanos que estão fugindo da pobreza e um colapso econômico mostrem um passaporte para entrar, depois de dizer que mais de 400 mil já viviam no país.

Rodríguez destacou Peru, Equador e Colômbia por críticas especiais como países onde os venezuelanos foram vítimas de "xenofobia e crimes de ódio". Ele disse também que a Venezuela pediria à Agência de Refugiados da ONU para exigir uma resposta de Lima, Quito e Bogotá.

Brasil escapa de críticas

Ele não mencionou o Brasil, que está enviando tropas para a fronteira após um violento ataque de moradores locais no início deste mês que levou 1.200 migrantes de volta à Venezuela.

O presidente do Brasil, Michel Temer, disse que a mobilização das tropas tem como objetivo "garantir a segurança dos cidadãos brasileiros, mas também dos imigrantes venezuelanos que fogem de seu país".

Temer não especificou quantos soldados seriam enviados, mas o movimento sugeriu um endurecimento das atitudes em relação ao governo de Maduro.

Temer pediu ainda à "comunidade internacional que adote medidas diplomáticas" para deter o "trágico" êxodo dos venezuelanos que "ameaça a harmonia de praticamente todo o continente".

Mas ele acrescentou: "O Brasil respeita a soberania de outros Estados, mas temos que lembrar que um país só é soberano se respeita seu povo e cuida deles".

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Líderes regionais estão mostrando sinais de querer agir como a Organização dos Estados Americanos (OEA) convocou uma reunião para 5 de setembro para discutir a crise.

O chefe da OEA, Luis Almagro, disse que o "governo ditatorial" de Maduro criou uma situação "exasperante" e mostrou "uma dissociação completa dos problemas do povo", bem como uma "incapacidade absoluta" de fornecer "necessidades básicas".

O Equador também está organizando uma reunião de 13 países latino-americanos nos dias 3 e 4 de setembro para falar sobre a Venezuela.

"Nenhum dos países está preparado para lidar com os migrantes ou o impacto de sua chegada", disse Peter Hakim, do instituto de pesquisa Inter-American Dialogue.

Especialistas acreditam que os problemas de migração aumentarão a pressão sobre Maduro.

"Ele desafiou muitos padrões de comportamento político na região", que "agora tem uma motivação coletiva para colocar a Venezuela de volta" no caminho da democracia, disse David Smilde, do centro de pesquisas do Escritório de Washington da América Latina (WOLA).

'Campanha de direita'

O líder de extrema-esquerda Maduro classificou o êxodo como uma "campanha de direita" e disse estar certo de que os imigrantes voltarão a participar da reconstrução do país depois de uma série de reformas que visam dar vida à economia moribunda da Venezuela.

A indústria está operando a apenas 30%, a hiperinflação está prevista pelo Fundo Monetário Internacional para chegar a um milhão este ano e a produção de petróleo, da qual a Venezuela depende quase inteiramente, caiu para uma baixa de 30 anos de 1,5 milhão de barris por dia, de acordo com a Organização dos Países Produtores de Petróleo, em comparação com um recorde de 3,2 milhões há 10 anos.

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A ONU diz que 2,3 milhões de venezuelanos de uma população de 30,6 milhões vivem no exterior, muitos em países próximos, como Peru, Equador e Chile, além dos vizinhos Colômbia e Brasil.

As reformas incluem o aumento do salário mínimo em 3.400%, a redenominação da moeda — removendo cinco zeros — que também foi desvalorizada em 96% e fixada ao valor da criptografia em grande parte desacreditada da Venezuela, o petro.

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