A chilena Michelle Bachelet assume o cargo na ONU em um momento conturbado na questão dos direitos humanos na América Latina, envolvendo as crises na Venezuela e na Nicarágua. Além disso, ela vai precisar lidar com as migrações da América Central e do México, que esbarram na política migratória dos Estados Unidos.
Será que a presença de Bachelet poderá afetar a atuação da ONU na região? Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Marcelo Zero, assessor da liderança do PT no Senado. Ele lembrou que a ex-presidente chilena é amiga pessoal e uma pessoa muito próxima ao ex-presidente Lula.
"Eles têm posições políticas bastante próximas", concorda Marcelo Zero.
Segundo ele, a sua nomeação ao cargo vem em boa hora.
"Ela é uma pessoa extremamente comprometida com os princípios democráticos e com a defesa dos direitos humanos. A escolha dela para esse cargo de extremo relevo da ONU acontece de maneira muito oportuna, no momento em que na América do Sul se observam muitos retrocessos políticos no campo democrático e no campo dos direitos humanos", acrescentou o especialista.
No entanto, Zero não acredita que o posicionamento do Comitê de Direitos Humanos vá mudar muito a respeito da atual privação de Lula dos seus direitos políticos.
"Com Michelle Bachelet ou sem Michele Bachelet eu acredito que essa decisão do comitê e as próximas decisões do comitê serão sempre muito bem tecnicamente embasadas e favoráveis à causa do [ex-]presidente Lula e dos direitos humanos no Brasil e no mundo", acrescentou ele.
"É fundamental deixar de usar a questão dos direitos humanos para isolar politicamente os países. Isso sempre acaba prejudicando o povo inocente. Eu espero que Michelle Bachelet se conduza tentando negociar com esses países formas de melhorar a questão dos direitos humanos sem, entretanto, tentar isolar politicamente esses países", concluiu Marcelo Zero.