Acusações sobre armas químicas na Síria visam 'manipular percepção pública'

Enquanto o confronto em torno da cidade de Idlib ocupada pelos rebeldes no norte da Síria se aproxima, os EUA fizeram numerosas previsões de que o presidente sírio, Bashar Assad, está planejando usar armas químicas durante o combate, apesar de não fornecerem evidências e motivos para tal evento.
Sputnik

Na segunda-feira (10), o jornalista e autor do livro "Washington's Long War on Syria" (Longa Guerra de Washington na Síria, em tradução livre para português), Steve Gowans, disse à Sputnik Internacional que "não há nada de novo" sobre os relatos ocidentais de armas químicas serem usadas em Idlib.

"Essa é uma tentativa óbvia de manipular a percepção pública, para justificar algum tipo de intervenção na Síria", informou.

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Além disso, ele notou que os EUA indicaram que Assad estava planejando algum tipo de ataque, mas que ainda faltam informações detalhadas sobre o possível ataque.

Em 22 de agosto, o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, pediu aos EUA para que respondessem "de forma rápida e apropriada a qualquer uso comprovado de armas químicas em Idlib ou em qualquer lugar na Síria".

"Tentamos transmitir nos últimos dias a mensagem de que se houver um terceiro uso de armas químicas a resposta será muito mais forte", disse Bolton na segunda-feira (10).

Em outras palavras, os EUA estão se preparando para uma intensificação de seu envolvimento na Síria, e não uma diminuição, à medida que o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia e em outros países) e outros rebeldes sírios se aproximam da derrota.

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Bolton rejeitou as acusações de que a postura dos EUA fosse uma autorização para a Al-Qaeda usar armas químicas e depois culpar o governo sírio. De fato, o Ministério da Defesa da Rússia tem advertido desde sábado (8) sobre o possível planejamento de uma provocação.

Entretanto, no domingo (9) o Wall Street Journal relatou que o Pentágono estava considerando atacar as forças russas ou iranianas na Síria se elas lançassem um ataque contra Idlib. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, tendo se tornado um dos fiadores autonomeados do processo de paz na Síria, escreveu um editorial para o WSJ, publicado na segunda-feira (10), também pedindo para que evitassem um ataque a Idlib.

Gowans disse que as acusações são "quase irrelevantes", sendo a estratégia americana anunciada nos últimos dias o assunto mais importante.

"É uma política muito agressiva e que deve ser de grande preocupação. É uma política que envolve a ocupação contínua, ilegal e indefinida de cerca de um terço a 40% do território sírio pelas forças dos EUA. É uma política que envolve a interferência dos EUA na tentativa da Síria libertar Idlib do controle das forças da Al-Qaeda."

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A agência de notícias Fars informou que dezenas de caminhões haviam chegado à base militar de AL-Tanf, a principal base dos EUA na Síria, e que mais de cem haviam sido enviados para várias posições das Forças Democráticas da Síria na região antes da ofensiva iminente em Idlib.

"Há mais de 2.000 soldados lá; o Pentágono reconhece isso. Ele diz: 'Bem, há 2.000 que estamos dispostos a reconhecer, mas há aqueles que estão lá secretamente, sobre os quais não vamos falar. Assim, os Estados Unidos estão buscando fazer uma guerra semissecreta em grande parte do território sírio", concluiu Gowans.

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