Os dois homens confirmaram que seus nomes são reais, disseram ter estado na Europa como turistas e em trabalho.
Eles ressaltaram que chegaram ao Reino Unido para "se divertir em Londres" e planejaram visitar também a cidade de Salisbury no mesmo dia. Porém, o colapso do transporte no Reino Unido em 2 e 3 de março mudou um pouco seus planos.
"Chegamos a Salisbury em 3 de março. Queríamos passear pela cidade, mas como estava coberta totalmente com neve, passeamos apenas por meia hora".
Depois disso, segundo Petrov, eles voltaram para a estação de trem e regressaram a Londres, tendo passado em Salisbury no máximo três horas.
Os entrevistados desmentiram ter estado na posse do perfume em cujo frasco se encontrava, segundo afirma Londres, a substância que teria envenenado Sergei Skripal e sua filha Yulia.
Boshirov e Petrov afirmaram não saber nada dos Skripal antes nem trabalhar para o Departamento Central de Inteligência (GRU, sigla em russo), sendo empreendedores médios.
Eles qualificaram a situação em torno de si como uma "coincidência fantástica e fatal" e relataram recear pela própria vida.
"Nós não conseguimos sair à rua. Nós temos medo. Nós temos receio… por nossa vida, temos receio pelos familiares, temos receio pelas pessoas que nos conhecem", disse Petrov em entrevista ao RT.
"E como estaria você? […] Quando sua vida é virada de cabeça para baixo. De um dia para outro, foi arruinada", disse Boshirov à editora-chefe respondendo à observação de ele parecia tenso.
Em entrevista, os russos afirmaram que, se não fosse o apelo do presidente Vladimir Putin, eles não teriam contatado a mídia, mas postariam um vídeo na Internet.
"Provavelmente, isso teria sido publicado na rede como um vídeo de apelo. Nós nunca antes comunicamos com a mídia e talvez fosse mais simples desabafar precisamente na Internet", contou Petrov ao RT.
Ruslan Boshirov, por sua vez, frisou que eles recorreram à mídia para "pedir proteção".
Ontem (12), Vladimir Putin disse que as autoridades russas sabem quem são os alegados suspeitos do envenenamento, sublinhando que são civis e que "não há nada de especial e criminoso neles ". O líder também pediu que eles próprios falassem à mídia sobre si.
A chancelaria britânica qualificou a entrevista em questão de "outra mentira" por parte da Rússia. A entidade afirmou continuar suspeitando que Ruslan Boshirov e Aleksandr Petrov sejam agentes da inteligência russa apesar de suas afirmações feitas ao RT e Sputnik.
Caso Skripal
Em 4 de março, o ex-agente secreto Sergei Skripal e sua filha foram envenenados na cidade britânica de Salisbury, o que provocou um grande escândalo internacional. Londres acusou Moscou de ter orquestrado o ataque com o que especialistas do Reino Unido afirmaram ser o agente nervoso A234 (também conhecido como "Novichok").
Mais tarde, o chefe de um laboratório secreto do Ministério da Defesa britânico afirmou que os especialistas não conseguiram definir a origem da substância tóxica com que teriam envenenado os Skripal.
Em meados de maio, Sergei Skripal teve alta, enquanto sua filha já tinha saído do hospital ainda em abril.
No início de setembro, a parte britânica mostrou fotos de dois alegados suspeitos do envenenamento — Aleksandr Petrov e Ruslan Bosharov — e alegou que os dois indivíduos eram oficiais da Departamento Central de Inteligência (GRU, sigla em russo).