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Líder da OEA deveria renunciar após incitar intervenção na Venezuela, diz a CUT

No dia 15 de setembro, Luis Almagro, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), afirmou que não descarta apoiar uma intervenção militar na Venezuela. Sobre essa declaração, a Sputnik Brasil ouviu Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que comentou o incidente.
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"Achamos que é um absurdo a pessoa que é responsável, ou pelo menos deveria ser responsável, pela construção da unidade entre as nações americanas, o secretário-geral da OEA, venha com uma postura dessa, de ameaçar intervenção militar na Venezuela", afirmou Antonio Lisboa em entrevista à Sputnik Brasil.

O secretário de Relações Internacionais da CUT acredita que as declarações de Luis Almagro criam uma crise de credibilidade na organização, que deixa de cumprir seu papel de unidade.

"Isso é um profundo desrespeito à soberania da Venezuela, um profundo desrespeito à construção da unidade americana e ele, que deveria trabalhar nisso, fica incentivando a criação de conflitos na região. Eu acho que ele deveria pedir para renunciar, porque ele não está dando conta e não foi para isso que ele foi eleito", acrescentou.

'A Venezuela não vive um clima de normalidade', diz Fernando Haddad no Jornal da Globo
Em nota publicada pela CUT em 21 de setembro, a organização sindical se manifestou em apoio à autonomia da Venezuela e também pela democracia. O texto cita governos que teriam sofrido golpes na região recentemente, como o de Manuel Zelaya, em Honduras, Fernando Lugo, no Paraguai e Dilma Rousseff, no Brasil.

Antonio Lisboa também afirmou à Sputnik que a atual postura internacional do Brasil tem sido desastrosa. "Como disse o Chico Buarque, o governo brasileiro fala fino com os Estados Unidos e fala grosso com a Bolívia, nesse caso, com a Venezuela", afirmou Antonio, que acredita que há outras formas de se lidar com a crise no país vizinho.

"A atual política externa brasileira traz de volta uma total subserviência aos Estados Unidos e começa a também incentivar as crises na região", enfatiza Antonio Lisboa. Ele aponta que uma solução possível seria buscar o intermédio da UNASUL, inclusive com ajuda humanitária, se for o caso, para poder construir a normalidade das relações entre o governo e a oposição venezuelana.

A posição oficial do Brasil sobre as declarações do líder da OEA veio junto do Grupo de Lima, composto também por Argentina, Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia, rechaçou a possibilidade de uma intervenção militar ou qualquer uso de violência ou sequer ameaça de uso da força contra a Venezuela. A declaração faz as críticas sem citar diretamente Almagro.

Campo progressista pode mudar postura internacional do Brasil

Para Antonio Lisboa, as eleições brasileiras terão um impacto direto nas possíveis resoluções sobre a crise na Venezuela. Ele afirma que o impacto pode ser tanto de uma postura de mediação do conflito, quanto de manutenção da atual política.

"Se um candidato de extrema-direita vencer as eleições, isso vai tornar a situação da região muito mais complexa, muito mais delicada e muito mais perigosa", afirma Lisboa, em referência a Jair Bolsonaro (PSL).

Ele acredita, no entanto, que a vitória de candidatos progressistas, como Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) deva mudar a atual postura do país em relação à crise venezuelana. Nesses casos, segundo ele, a tendência é de abertura de pontes de diálogo para mediação do conflito.

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