"O Bellingcat conseguiu confirmar a verdadeira identidade de um dos dois oficiais. O suspeito usando a identidade fictícia de 'Ruslan Boshirov' é, de fato, o coronel Anatoly Chepiga, um altamente condecorado oficial do GRU [Departamento Central de Inteligência], agraciado com o prêmio mais alto da Rússia, Herói da Federação da Rússia. Após a identificação do Bellingcat, várias fontes familiarizadas com a pessoa e/ou a investigação confirmaram a identidade do suspeito", informou o grupo.
Ainda de acordo com investigadores do Bellingcat, Chepiga teria servido na 14ª Brigada Spetsnaz, que "desempenhou um papel-chave na Segunda Guerra da Chechênia", e também teria sido "observado perto da fronteira ucraniana em 2014".
"Em algum momento entre 2003 e 2010 (o ano em que recebeu seu primeiro passaporte secreto), Anatoly Chepiga recebeu seu alter ego, 'Ruslan Boshirov', e foi transferido para Moscou", disse o blog.
As alegações do Bellingcat também foram reproduzidas pelo secretário de Defesa do Reino Unido, Gavin Williamson. Na tarde desta quarta-feira, ele publicou um tweet sobre o tema, citando notícia da BBC. Em seguida, no entanto, a publicação foi apagada.
No início deste mês, as autoridades britânicas acusaram dois cidadãos russos, identificados como Ruslan Boshirov e Aleksandr Petrov, de tentativa de assassinato contra o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia Skripal, além do policial britânico Nick Bailey, supostamente contaminados com um argente nervoso A-234 (também conhecido como Novichok). Mas, em entrevista ao canal RT, os dois negaram qualquer envolvimento no caso, afirmando que eles visitaram Salisbury apenas como turistas e que trabalhavam na indústria fitness.
Skripal, ex-oficial do Departamento Central de Inteligência (GRU), agência de inteligência militar da Rússia, foi condenado em seu país por alta traição em meados dos anos 2000 por trabalhar como agente duplo para o serviço secreto britânico durante a década de 1990. Em 2010, após um acordo de troca de prisioneiros com os EUA, acabou sendo libertado e foi morar na Inglaterra, onde, em março deste ano, foi alvo de um envenenamento, junto com a sua filha.
Desde o início das investigações, Londres vem acusando Moscou de planejar e realizar esse ataque contra os Skripals, que acabou vitimando também um agente de segurança do Reino Unido. O Kremlin, no entanto, nega veementemente as acusações, afirmando que as mesmas são infundadas e que, até o momento, nenhuma prova concreta foi apresentada para justificar as desconfianças sobre a Rússia.