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Analista explica por que vitória de Bolsonaro é muito provável

Os candidatos que chegaram ao segundo turno das eleições presidenciais no Brasil estão desenvolvendo novas (ou antigas) estratégias. A Sputnik Brasil conversou com um latino-americanista para analisar o resultado do voto de ontem e refletir sobre o futuro do pleito.
Sputnik

O candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que ainda há alguns meses perdia para o encarcerado Lula nas pesquisas eleitorais, acabou subindo em popularidade e surpreendendo com um resultado muito próximo à vitória no primeiro turno.

O diretor do Centro de Pesquisas Políticas do Instituto da América Latina da Academia das Ciências da Rússia, Zbignev Ivanovsky, enumerou em uma conversa com a Sputnik Brasil todos os fatores que influíram na ascensão do candidato.

"Há muitas razões, mas considero como a principal a crise dos governos anteriores. Ou seja, por um lado, a crise do PT […] A segunda razão é que Haddad começou com um ranking muito baixo, de alguns por cento, enquanto depois ele cresceu. Mas de fato não são seus votos, são votos do presidente Lula, que continua um presidente popular […] A terceira razão, acredito, é a crise de todos os partidos políticos por princípio, [no momento em que] aparece uma pessoa, Bolsonaro, que, embora seja do PSL, não faz parte do establishment", refletiu.

Aliás, o cientista político também falou do esfaqueamento do candidato, ocorrido em 6 de setembro em Juiz de Fora, Minas Gerais, como uma ferramenta de ataque à esquerda, dada a alegada militância do atacante que, porém, acabou sendo desmentida.

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"Quanto aos fatores externos, acho que se usou o fator da Venezuela também", adiantou.

Ao falar do revés dos centristas no primeiro turno, o analista citou o fenômeno do chamado "voto útil". De acordo com ele, quando os eleitores se deram conta de que seus candidatos não teriam perspectivas de ganhar e se tratava de apenas dois antagonistas, alguns deles decidiram votar no capitão.

"Acho que ele acumulou votos graças inclusive a isso", disse.

No que se refere à estratégia aplicada pelo PT, de "Haddad é Lula", ele observou que isso funcionou parcialmente, pois no início o petista tinha pouquíssimo apoio, mas fez questão de frisar que a própria origem do candidato não contribui à sua popularidade.

"Há outro problema — o próprio Haddad vem dos círculos acadêmicos, é professor universitário, foi ministro da Educação, mas seu serviço público foi de qualidade mediana. Eu li reações de admiração sobre ele da parte de estudantes, de outros professores, então tem sido um professor bom, sim, mas no Brasil os professores [universitários] fazem parte da classe média alta. Eles são bem remunerados, ou seja, o eleitorado 'nuclear' [do PT] não o vê como um candidato do povo", afirmou Ivanovsky.

Outro fator, na opinião do entrevistado, que também joga contra o petista, é sua vice Manuela D'Ávila, filiada ao PCdoB, embora o próprio Haddad sempre "tenha criticado a União Soviética e se considere como simpatizante do socialismo da Escola de Frankfurt e do eurocomunismo".

"O fato de ele ter escolhido uma candidata do PCdoB […] provavelmente joga contra ele [nas tentativas de ganhar mais votos]", explicou.

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Já Bolsonaro, que precisa ganhar apenas alguns pontos percentuais (e manter os assegurados no 1º turno) para virar presidente, desfruta já do apoio do grande capital e de certos círculos como, por exemplo, os evangélicos.

"De fato, é uma seita neopentecostal que está por trás de Bolsonaro. Ele próprio viajou para a Jordânia, foi batizado lá junto com seus filhos […] Os membros desse movimento usam alguns métodos psicológicos, alguma pressão também", observou.

Em resumo, o analista assegurou que, se antes do primeiro turno considerava as chances de Bolsonaro como 50/50, agora acredita que ele ficou com mais chances.

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