"Se alguém em Berlim ou em Bruxelas pensar em deportar dezenas de migrantes na Itália via voos fretados não autorizados, eles devem saber que não há e não haverá aeroporto disponível", disse Salvini em um comunicado, acrescentando que a Itália "fechará os aeroportos". Assim como antes fechava seus portos para as embarcações das ONGs que transportavam migrantes resgatados no Mediterrâneo.
Sua declaração vem em resposta aos rumores divulgados pelo diário italiano La Repubblica de que a Alemanha planeja acelerar os processos de repatriação antes das eleições regionais no estado da Bavária, o estado natal do ministro do Interior, Horst Seehofer.
O primeiro voo charter que transportará requerentes de asilo da Alemanha para a Itália está agendado para terça-feira, 9 de outubro, informou a mídia. Outras reportagens marcaram a data do vôo na quinta-feira, 11 de outubro. A agência de refugiados e migração da Alemanha (BAMF) supostamente já enviou "dúzias de cartas" aos supostos repatriados informando sobre as transferências planejadas para a Itália, segundo o La Repubblica.
Mais cedo, a agência de notícias alemã DPA também disse que tal voo está programado para "os próximos dias". Essas informações, no entanto, não foram confirmadas nem negadas pelas autoridades alemãs. Roma teme que a Alemanha possa eventualmente enviar de volta para a Itália cerca de 40 mil pessoas, que chegaram do país do sul da Europa, informou a mídia italiana.
A recente declaração dura o risco de aumentar as tensões entre as duas nações, que ainda estão lutando para chegar a um acordo sobre a repatriação de migrantes, um ponto de discórdia entre eles há algum tempo. Em meados de setembro, Seehofer disse que Berlim e Roma concordaram com um acordo. Sua declaração foi, no entanto, refutada por Salvini no dia seguinte.
No final de setembro, Seehofer mais uma vez anunciou que o acordo seria assinado "em breve". Salvini, no entanto, garantiu recentemente que Roma não "aceitaria qualquer acordo que pudesse trazer ainda mais migrantes para a Itália".
O ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Luigi Di Maio, também rejeitou a idéia de aceitar refugiados enviados de volta da Alemanha antes de chegar a um acordo com Berlim. "Para fazer essas coisas, precisamos de acordos", comentou, acrescentando que "nenhum acordo foi assinado".
Ele também argumentou que a Itália não pode enviar migrantes de volta para os países subsaarianos sem qualquer acordo, acrescentando que ele acredita que "não pode ser feito no caso da Itália e da Alemanha" também.
Uma coalizão de políticos de esquerda e direita unidos por uma postura antiimigração chegou ao poder na Itália este ano. Salvini já introduziu algumas medidas linha-dura contra os imigrantes e, em várias ocasiões, recusou-se a aceitar imigrantes resgatados no Mediterrâneo por algumas instituições de caridade.
O governo italiano também aprovou um decreto que reforça a política nacional de asilo. A posição anti-imigrante de Salvini também o colocou em desacordo com alguns políticos europeus, incluindo o presidente francês Emmanuel Macron e o ministro de Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn.