Exploradores polares registraram sons extraordinários ao examinar como o ar quente interfere no degelo de geleiras na plataforma Ross, a maior plataforma de gelo do mundo, situada no território da Antártica reivindicado pela Nova Zelândia.
Para melhor entender as propriedades físicas da região, os exploradores enterraram 34 sensores sísmicos extremamente sensíveis abaixo da superfície gelada. Os sensores permitiram monitoramento das vibrações da plataforma e estudo dos movimentos e da estrutura dela em um período de dois anos, comunicou o site da União Americana de Geofísica.
Segundo os exploradores, ruídos surgem por causa das vibrações causadas por ventos fortes que sopram as dunas de gelo.
Foram reparadas também mudanças no tom do barulho sísmico com a movimentação das camadas de neve. O gelo vibrava em frequências diferentes quando tempestades deslocavam dunas de neve ou quando temperaturas da superfície aumentavam ou diminuíam, fazendo com que mudasse a velocidade das ondas sísmicas movidas pela neve.
O geofísico e matemático da Universidade do Colorado, Julien Chaput, comparou o fenômeno com execução constante de uma flauta na plataforma de gelo.
Assim como músicos podem mudar a intensidade da nota, dependendo do buraco da flauta ou velocidade de sopro, condições atmosféricas nas plataformas de gelo podem mudar frequência da vibração, alterando topografia das dunas, destacou Chaput.
A plataforma da Antártica canta a uma frequência despercebida pelo ouvido humano. Para captar o "canto", Julien Chaput acelerou a gravação 1,2 mil vezes.