O professor de direito internacional público e de relações internacionais da Universidade Autônoma de Madri, Augusto Zamora, escreveu um novo livro chamado de "Réquiem polifônico pelo Ocidente", onde diagnostica a situação.
Porém, "atualmente, os EUA representam apenas 18%. A China, já é a primeira potência comercial do mundo. A Rússia já ultrapassou os EUA como o primeiro exportador de trigo e logo se tornará o grande país exportador de grãos", afirma Zamora, que ainda menciona que a "queda" norte-americana se deve também à enorme dívida pública que o país possui, de aproximadamente 104% do PIB.
Enquanto isso, Moscou, Pequim e Nova Deli "estão remodelando todo o mapa econômico, comercial e geoestratégico da Eurásia", desenvolvendo "corredores comerciais" como a "nova Rota da Seda da China" e a "nova Rota ártica da Rússia" — que está sendo desenhada pelo maior país do mundo em conjunto com a Índia e o Irã. O que, segundo Zamora, "deixa completamente de fora" o Ocidente, que, por sua vez, não vai deixar "suas posições de maneira pacífica".
Um fato importante ressaltado por Zamora é que os "EUA não estão pensando em nenhum tipo de acordo, nenhum tipo de negociação. De fato, suas declarações apenas descrevem cenários de guerra. Todo o seu programa militar visa construir equipamentos militares capazes de derrotar a China e a Rússia".
Donald Trump pretende elevar para 350 o número de navios da Marinha norte-americana, assim como "elevar quase em um terço o potencial aéreo dos EUA".
Nesse contexto, o especialista expressou profunda decepção pela atuação de uma UE "devorada" pelos EUA "em termos militares e geoestratégicos".
"Se o bloco comunitário [União Europeia] não se libertar dos EUA, não se constituirá em uma entidade independente e não reorganizará suas relações com Rússia e Eurásia, em caso de muito possivelmente haver conflito, a UE, e, consequentemente, o Ocidente, se quebrantarão e vão desaparecer praticamente do cenário internacional", concluiu.