Em debate com a Sputnik Internacional, o professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Maurício Santoro, comentou a eleição presidencial do país.
Perguntando sobre quais mudanças na política externa do Brasil devem ser esperadas, após a vitória de Bolsonaro, o especialista acha que o novo líder esteja "mais próximo dos Estados Unidos e especialmente de Donald Trump do que o atual governo".
Segundo o especialista, o novo presidente é mais focado na segurança pública do que em assuntos que envolvem políticas econômicas, e é neste setor que possivelmente ocorrerá uma mudança.
Santoro acredita que as promessas de Bolsonaro sobre o afrouxando das leis públicas sobre armas, militarizando a polícia e permitindo que os policiais tenham mais liberdade para matar, piore a situação do país.
"Você pode olhar para [presidente filipino] Duterte nas Filipinas para ver o que acontecerá no Brasil, mas a diferença aqui é que muitas pessoas acreditam que a Suprema Corte e o judiciário, tentarão quebrar algumas das propostas de Bolsonaro, especialmente relacionadas ao que os policiais podem ou não fazer", declarou.
Questionado sobre as afirmações de alguns analistas financeiros que acreditam no beneficiamento da economia brasileira devido à vitória de Bolsonaro, o professor alega que apesar do novo presidente não entender muito sobre finanças, ele colocará a "administração econômica nas mãos de especialistas conservadores com uma abordagem neoliberal".
"As pessoas gostam da maneira como ele critica a esquerda, a maneira como ele diz que vai reformar as leis trabalhistas, então ele está basicamente usando o discurso do mercado superior para ganhar a confiança dos investidores e está funcionando."
Sobre o recente comentário do ex-embaixador dos EUA no Brasil Anthony Harrington, que classificou as eleições brasileiras como um buraco negro da diplomacia norte-americana, Santoro acredita que "os EUA são o país que têm maiores expectativas em relação a Bolsonaro, porque há algo coerente em seus pontos de vista: seu amor pelos Estados Unidos".
O professor conclui dizendo que o novo líder brasileiro fala sobre o país norte-americano com grande admiração, sugerindo que o Brasil deva seguir seu exemplo, o que acaba gerando grande animação nos americanos, pois ganham, dessa forma, um novo aliado latino-americano em meio a conflitos diplomáticos envolvendo imigração e negociações comerciais.