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Violência política no Brasil pode aumentar com eleição de Bolsonaro, dizem especialistas

As eleições presidenciais de 2018 foram marcadas por polarizações, discursos violentos e até agressões físicas entre pessoas que discordam politicamente.
Sputnik

Os casos como o do assassinato do capoeirista e músico Môa do Katendê, que foi assassinado após se envolver em uma briga motivada por divergência política. Ou até mesmo o episódio que envolveu o próprio presidente eleito, Jair Bolsonaro, que levou uma facada durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG) tendem a não ser isolados.

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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH)  chegou a emitir uma nota em que condenou as agressões praticadas no Brasil durante as eleições deste ano.

A Sputnik Brasil entrou em contato com dois cientistas políticos para tentar entender se esse grau de violência vai diminuir ou se intensificar daqui para frente.

Para Carlos Eduardo Martins, professor da UFRJ, a revogação do Estatuto do Desarmamento, proposta pelo presidente eleito, podem aumentar o grau de violência das divergências políticas.

"O candidato vitorioso diz que pretende armar a população. Inclusive vários dos seus adeptos poderão se armar e isso coloca risco que os conflitos políticos possam vir a ser conflitos armados", disse.

Para o cientista político da Universidade Veiga de Almeida, Guilherme Carvalhido, é necessário que o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), adote uma postura que priorize o discurso não-violento

"É minha grande dúvida se o novo governo vai sinalizar nesse sentido, se ele sinalizar contra a violência automaticamente a gente vai ter uma diminuição, caso contrário a gente vai ter ainda, infelizmente, situações de rusgas e violências e brigas por causa disso", afirmou.

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Diversas iniciativas criadas espontaneamente por membros da sociedade civil têm mapeado incidentes observados em todo o país. Um mapa gerado no Google Maps, intitulado Violência política no Brasil, mostra casos de agressões reportadas pela mídia. O Mapa da Violência também tem reunido denúncias, que são reportadas de forma voluntária, além daquelas já abordadas pela imprensa.

Guilherme Carvalhido aponta que pode haver também uma radicalização de movimentos de esquerda, como Movimento dos Trabalhadores  Sem-Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores  Sem Teto (MTST).

"Os dois lados estão inflamados. O Bolsonaro inflamado como sempre esteve e agora empoderado pela Presidência e os seus grupos que o apoiam fazendo parte da sua equipe, grupos que usam o nome de Bolsonaro como justificativa para praticarem seus atos. E a esquerda, sobretudo a mais radical,  também vai ter uma situação onde ela vai se fortalecer para combater um discurso do que eles chamam de extrema-direita", disse.

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Carlos Eduardo Martins aponta que a intenção de Bolsonaro de criminalizar movimentos sociais ajuda a criar esse caldo de violência no país.

"O candidato vitorioso disse que acabará com o ativismo no Brasil, evidentemente, em princípios são alvos dessa fala personalidades públicas e aqueles que exercem livremente sua cidadania, a todos esses podem ser alvos desse tipo de pretensão de eliminar o que ele considera como ativismo no Brasil", comentou.

Um levantamento feito pela Agência Pública, site de jornalismo investigativo  em parceria com a Open Knowledge Brasil revela que houve pelo menos 70 ataques com motivação política no Brasil entre os dias 1º de outubro até o dia 10 de outubro.

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