Segundo manifestou o entrevistado, tal decisão do governo Trump cria um precedente perigoso e os políticos que sucederem a ele poderão revisar suas decisões se não concordarem com elas. Para ele, muitos governos que chegaram ao poder nos EUA não estavam de acordo com as decisões de administrações anteriores, mas sempre "mostraram algum respeito". Neste caso o cenário mudou, e isso pode ser muito perigoso para muitos outros tratados, acredita o cientista político estadunidense.
Malley explicou que, desse modo, depois da saída dos EUA desse acordo não haverá nenhumas garantias de que um novo governo mantenha acordos celebrados no mandato de Trump.
"É por isso que acredito que os EUA pagarão um preço pela saída do acordo", opinou.
Ainda segundo ele, hoje em dia Teerã se encontra em vantagem nessa disputa: é todo o mundo junto com o Irã contra os EUA, e não vice-versa.
Na opinião do ex-assessor de Obama, os EUA querem que o Irã passe a ser governado por simpatizantes das políticas duras para mostrar o "rosto real" do país. Nesse respeito, para ele "o reforço da ala moderada [no Irã] é um cenário ruim" para a administração estadunidense, pois isso permitirá a Teerã conduzir as políticas que sempre conduziram, mas ao mesmo tempo serem recebidos pelos líderes em todo o mundo.
"De fato, eles preferem ter apoiadores da linha dura no poder, porque para eles [administração dos EUA] esse é o verdadeiro rosto do Irã", acredita o interlocutor da Ria Novosti.
Além do mais, Malley assegurou que as futuras sanções norte-americanas contra o Irã aumentarão o peso da Rússia no mercado petrolífero.
"Isto ajudará os produtores do petróleo, pois os preços começarão a crescer. A Rússia é um dos produtores significativos de petróleo. Isso, sem dúvida, aumentará seu poder relativo no mercado petrolífero. Disso nem tenho dúvida", resumiu.
Em maio, o presidente estadunidense Donald Trump anunciou que Washington sairia do acordo nuclear com o Irã, assinado mais cedo por seu antecessor Obama. O mandatário também falou sobre a restauração de todas as sanções contra o país, inclusive as secundárias, ou seja, contra os países que negociam com o Irã. O primeiro pacote de medidas restritivas entrou em vigor a partir de 7 de agosto, enquanto o segundo, o mais vasto e referente às exportações do petróleo, se espera em 5 de novembro.