A metodologia da pesquisa e os resultados de experimentos laboratoriais foram publicados na revista especializada Scientific Reports.
"Descobrimos que a transição de uma falha para o estado de 'prontidão' para um sismo pode ser detectada através da análise do espetro do ruído de fundo. O monitoramento das vibrações que surgem perto das falhas pode se tornar um método útil de vigilância em tempo real", disse Aleksei Ostapchuk, pesquisador do Instituto de Física e Tecnologia de Moscou, citado pela assessoria de imprensa da entidade.
Faz muito tempo que os cientistas tentam entender que processos provocam a acumulação dessa energia e achar uma maneira de "fazer uma radioscopia" das profundezas terrestres para detectar de antemão tais zonas de tensão tectônica. Apesar dos avanços significativos nessa área, as previsões feitas até hoje têm sido muito pouco precisas, o que até levou à prisão de alguns especialistas por prognósticos errados e "desinformação" da população.
Já o cientista russo Ostapchuk e sua equipe conseguiram aumentar significativamente a precisão destes prognósticos, analisando as metamorfoses que acontecem nas falhas pouco antes do sismo. Anteriormente, o chamado "sussurro da Terra" era ignorado pelos pesquisadores para estes fins, isso era considerado como um método infrutífero para previsões, por o ruído das placas ser muito difícil de distinguir dos ruídos produzidos por outras fontes.
Para obter uma descrição detalhada deste tipo de ruído, os físicos russos efetuaram testes laboratoriais, usando análogos de duas placas de rocha em colisão. Enquanto isso, um simples altifalante externo fixado em uma das placas fazia as duas vibrarem e, deste modo, desempenhava o papel de "sussurro da Terra".
Desse jeito, ao monitorar as mudanças no ruído à medida que aumentava a tensão no ponto de colisão, os cientistas detectaram que precisamente antes do início do terremoto o "sussurro da Terra" adquire picos de baixa frequência, cuja frequência baixa ainda mais antes do deslocamento da rocha.
Espera-se que no futuro tal monitoramento permita detectar os próximos terremotos e predizer sua magnitude e hora de início. Entretanto, para isso será preciso criar toda uma série de novas ferramentas que ajudarão a entender melhor as frequências das próprias placas em colisão, o que é crítico para descobrir os pontos exatos dos epicentros de futuras calamidades.