Era por volta de 5h40 do dia 10 de novembro, um sábado, ainda estava amanhecendo, quando o Almirante Paulo Martinho Zucaro, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra, olhou e disse para a reportagem da Sputnik Brasil: "É guerra".
A declaração foi dada para explicar os motivos de se realizar um treinamento deste porte mesmo em condições extremamente desfavoráveis. A chuva era forte, as ondas na beira da praia atingiam 1,5 metros e os ventos chegaram a 20 km/h. O nível de dificuldade preocupava o alto comando, mas não foi um problema para os fuzileiros e marinheiros.
Antes do amanhecer, sete Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) chegaram à praia e deram início ao desembarque. Após eles chegarem foi a vez dos fuzileiros desembarcarem com o dia já nascendo e preparar o terreno para o desembarque das 42 viaturas pesadas que estavam por vir.
O objetivo do treinamento era treinar o desembarque de tropas em uma área hostil e simular um resgate de civis que em perigo.
"É muito importante a gente ter essa capacidade de projeção anfíbia justamente para, quando necessário, podermos apoiar os nossos nacionais que estejam em situação de perigo, em áreas de conflito, para que realmente consigamos fazê-los retornar a uma situação de segurança", disse o Almirante Paulo Martinho Zucaro, Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra e um dos coordenadores da operação.
Para realizar o treinamento foram utilizados 1700 militares da Força de Fuzileiros da Esquadra, 27 do Exército Brasileiro e 16 da Força Aérea Brasileira. A estrutura para abrigar todo o pessoal foi montada em uma base da própria Marinha localizada na Praia de Itaoca.
O comandante Dirlei Côdo, Chefe de Operações da Força de Fuzileiros da Esquadra, classificou a operação como um sucesso.
"Só o fato dos navios já terem chegado com condições adversas e as embarcações terem superado esse clima difícil já é ótimo. Nós estamos com o mar de classificado como três ou quatro, no limite da segurança. Há uma preocupação muito grande nossa com a segurança. Sendo exercício a gente não admite qualquer tipo de acidente. A gente prima que a segurança prevaleça nesse exercício. Então estamos bastante satisfeitos que até o presente momento e não ocorreu nenhum acidente", comentou.
Para a simulação ficar mais parecida possível com a realidade, militares interpretaram civis que buscavam resgate. Inclusive dificultando o trabalho de seus colegas ao não aceitarem certas ordens, atacarem viaturas e até transportarem drogas fictícias.
A Operação Atlântico utilizou 49 viaturas leves, 45 viaturas pesadas, 13 viaturas blindadas (7 CLAnf e 6 Piranha), Navio Doca Multipropósito Bahia, Navio de Desembarque de Carros de Combate Saboia, Fragata Rademaker, Corveta Barroso, Embarcação de Desembarque de Carga Geral Marambaia, Navio de Apoio Oceanográfico Purus, NApOc APA, Navio Patrulha Guaporé.
*A Sputnik Brasil viajou a convite da Marinha do Brasil