Arma antipessoal
Há 40 anos, a União Soviética anunciou ter testado com sucesso uma bomba de nêutrons. A criação da munição experimental levou menos de um ano. A bomba representava uma carga nuclear comum de baixa potência mais um bloco com isótopos de berílio — uma fonte de nêutrons rápidos.
Na bomba, 80% da força explosiva se devia à ação dos nêutrons rápidos e apenas 20% aos outros componentes destrutivos.
A blindagem de metal comum não consegue parar um fluxo de nêutrons rápidos, que penetram nos obstáculos melhor que os raios X ou raios gama. Assim, os militares esperavam que um ataque com bomba de nêutrons permitisse preservar a infraestrutura das cidades e os armamentos inimigos, ao contrário das munições nucleares comuns.
Porém, os testes mostraram que a arma de nêutrons era menos eficiente do que se pensava.
Uma bomba de um quiloton destruiu por completo os prédios no raio de um quilômetro. Além disso, expostos à radiação de nêutrons, a carcaça metálica dos edifícios e blindados viraram fontes de radioatividade induzida de longo efeito. isso frustrou de vez os planos de poder usar o equipamento inimigo após um ataque com tal munição. O alcance da bomba também acabou sendo baixo devido à forte dispersão de nêutrons na atmosfera.
Intercepção espacial
Sem atmosfera, os elétrons se espalham tão longe quanto possível do ponto de vista físico. Ou seja, o uso de novas munições poderia ampliar o raio de alcance da ogiva de um míssil interceptor.
A bomba de nêutrons mais potente testada foi a ogiva W71 de cinco quilotons do míssil-interceptor americano LIM-49A Spartan. Durante seus testes foi revelada mais uma vantagem das munições de novo tipo: ao atingirem o projétil inimigo, os raios X da bomba aqueciam imediatamente o material de sua carcaça, fazendo-o evaporar e causando a explosão e destruição total da ogiva.
Série limitada
A produção em massa de munições de nêutrons continuou até os meados dos anos 1980 sem haver grandes estoques desta arma. Sabe-se que atualmente os EUA possuem o maior arsenal deste armamento. A Rússia, China, França e provavelmente a China dispõem de tecnologias para produzir bombas de nêutrons. No entanto, nas fontes abertas não há informações de que as nações mencionadas possuam estas ogivas em estoque.