Conflito armado entre Colômbia e Venezuela é 'possibilidade', diz ex-presidente colombiano

O ex-presidente colombiano e antigo secretário da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) Ernesto Samper disse nesta quarta-feira (21) à Sputnik Mundo que um confronto entre Colômbia e Venezuela pode acontecer devido à tensão atual entre os dois governos.
Sputnik

"Existe uma atitude pugnaz do novo governo da Colômbia que a meu juízo tem o propósito de criar condições para um confrontamento armado entre esse país e a Venezuela. De fato, vejo a possibilidade de que exista esse conflito, me atrevo a dizer que caso seja confirmado o anúncio de Iván Duque, haveria uma condição muito complicada entre Colômbia e Venezuela."

Na terça-feira, o atual presidente da Colômbia, Iván Duque, afirmou que não via sentido na "pantomima" de manter relações diplomáticas com Caracas após a posse do novo mandato do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. 

Samper afirmou à Sputnik que considera problemático que a Venezuela tornou-se um assunto da política interna da própria Colômbia desde o governo de Álvaro Uribe (2002-2010).

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O ex-presidente ressaltou que a atual crise migratória da Venezuela preocupa. Ele afirma que parte deste fluxo é de colombianos voltando para casa, mas também há venezuelanos buscando uma vida melhor. 

Quase 50% dos imigrantes que deixaram a Venezuela nos últimos anos tiveram como destino a Colômbia. Mais de 2,3 milhões de pessoas abandonaram a Venezuela, segundo dados da OIM (Organização Internacional para as Migrações) e do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).

As relações entre Colômbia e Venezuela estão em baixa desde a chegada ao poder de Hugo Chávez (1999-2013). Os dois países trocam acusações de tentativas de incursão militar em seus respectivos territórios.

Além disso, a Colômbia atualmente lidera uma campanha internacional para pressionar Maduro e fazê-lo deixar o cargo de presidente. 

Acordo com as FARC e Donald Trump

Samper também falou sobre o acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). O antigo grupo guerrilheiro abandonou as armas e tornou-se um partido político após negociação com o então presidente Juan Manuel Santos — o que rendeu o prêmio Nobel da Paz ao presidente. 

O grupo manteve a sigla FARC e agora é a Força Alternativa Revolucionária do Comum.

"A boa notícia é que a sociedade aceitou a coluna estrutural dos acordos com as FARC." O ex-presidente, contudo, disse que há um grupo que ainda está "armado e agressivo" e que ele "cobra a cabeça" dos que negociam com o governo.

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De acordo com o antigo secretário da Unasul, este conflito dentro da própria FARC causou cerca de 300 mortes no último ano. 

Samper falou sobre Washington e o atual presidente dos Estados Unidos, Donald Trump:

"Isto [Trump] é preocupante não só devido ao seu caráter volátil e agressivo, mas também por sua agenda para a região, que é totalmente agressiva contra migrantes latino-americanos. É contra a mudança climática, que é um dos fatores que mais nos afeta, e suas medidas protecionistas para evitar a entrada de produtos complicam a situação da governabilidade na região."

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