União Europeia aprova acordo do Brexit e avisa: não há alternativa

Líderes da União Européia fecharam neste domingo (25) o acordo de divórcio com a Grã-Bretanha e emitiram alerta aos políticos do Reino Unido que em poucas semanas aprovarão ou rejeitarão o plano - essa é a melhor oferta possível
Sputnik

Em meio a críticas ao acordo por parte de legisladores de todos os lados do debate da União Européia, o chefe da Comissão Européia, Jean-Claude Juncker, disse que o Reino Unido não pode esperar negociar termos melhores antes de sua partida, em março.

"Estou totalmente convencido de que este é o único acordo possível", disse ele. "Aqueles que pensam que, ao rejeitar o acordo, teriam um melhor acordo ficarão desapontados nos primeiros segundos após a rejeição."

Pela primeira vez, a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, estava em completo acordo.

"Este é o acordo que está sobre a mesa", disse ela. "É o melhor negócio possível. É o único acordo."

Agora que a UE o aprovou, May deve vender o acordo aos parlamentares britânicos — uma tarefa enorme, considerando a intensa oposição de legisladores pró-Brexit e pró-UE.

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A premiê disse que o Parlamento teria uma votação antes do Natal, e argumentou que os legisladores tinham o dever de "entregar o Brexit" como os eleitores decidiram em referendo de 2016.

"O povo britânico não quer gastar mais tempo discutindo Brexit", disse ela. "Eles querem um bom acordo que cumpra o voto e nos permita nos unir novamente como país."

O último grande obstáculo para um acordo foi superado no sábado, quando a Espanha levantou suas objeções sobre o disputado território britânico de Gibraltar. Os líderes da UE levaram uma questão de minutos na cúpula de domingo em Bruxelas para endossar o divórcio com a terra da Rainha.

Os documentos acordados protegem os direitos do Reino Unido e cidadãos da UE atingidos pelo Brexit e mantém a fronteira irlandesa aberta. Também foi endossado um documento de 26 páginas descrevendo os objetivos das futuras relações depois que a Grã-Bretanha deixar o bloco europeu.

Em um encontro agridoce, os líderes da UE expressaram tristeza pela saída da Grã-Bretanha, o primeiro país a sair do bloco.

"Um país que está deixando a UE não é motivo para brindar com taças de champanhe ou aplausos", disse Juncker. "É um dia triste e todos os que falaram hoje durante o Conselho Europeu tentaram expressar sua tristeza."

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A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que seus sentimentos eram "ambivalentes, com tristeza, mas, por outro lado, também algum tipo de alívio que chegamos a esse ponto".

"Acho que conseguimos fazer uma obra de arte diplomática", disse ela.

May afirmou que não estava triste, porque a Grã-Bretanha e a UE continuariam sendo "amigos e vizinhos". "Eu reconheço que alguns líderes europeus estão tristes neste momento, mas também algumas pessoas em casa no Reino Unido vão ficar tristes neste momento".

Entretanto, May disse estar "cheia de otimismo" sobre o futuro da Grã-Bretanha.

O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse que o acordo — produto de um ano e meio de negociações difíceis entre a Grã-Bretanha e a UE — foi lamentável, mas aceitável.

"Acredito que ninguém está ganhando. Estamos todos perdendo por causa da saída do Reino Unido", disse Rutte. "Mas, dado esse contexto, este é um resultado equilibrado, sem vencedores políticos."

O acordo ainda precisa ser ratificado pelo Parlamento Europeu, algo que seu presidente, Antonio Tajani, disse que provavelmente acontecerá no início de 2019.

Tajani disse que uma "grande maioria" de parlamentares europeus apoiou o acordo.

O mesmo não pode ser dito dos legisladores britânicos.

May está sob intensa pressão de legisladores britânicos pró-Brexit e pró-UE, com grandes números em ambos os lados do debate que se opõem ao acordo de divórcio e ameaçam derrubá-lo.

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O deputado conservador pró-Brexit Iain Duncan Smith disse no domingo que May deve exigir novas condições da UE. Ele disse que o acordo "cedeu muito controle" a Bruxelas.

May insiste que seu acordo cumpre as coisas que mais importam para os eleitores pró-Brexit — controle de orçamentos, política de imigração e leis — enquanto mantém laços estreitos com os vizinhos europeus do Reino Unido.

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