Filho de Jair Bolsonaro e deputado federal mais votado do Brasil, Eduardo Bolsonaro, realiza um tour pelos Estados Unidos para discutir política exterior e comércio internacional.
O deputado pretende se encontrar com funcionários do Conselho de Segurança Nacional americano, órgão de política externa da Casa Branca, chefiado por John Bolton, que deve vir ao Brasil no dia 28 e falará em almoço na Câmara de Comércio Brasil-EUA.
O deputado também passará por Nova York e Miami, onde deve se reunir com integrantes da comunidade brasileira, executivos do mercado financeiro, veículos de mídia e intelectuais conservadores. Filipe Martins, secretário de assuntos internacionais do PSL, acompanha o político.
Eduardo chegou a anunciar uma reunião com o vice-presidente, Mike Pence, e com o secretário de Estado, Mike Pompeo, em 12 de novembro, mas cancelou os compromissos após não conseguir confirmar as agendas.
Na manhã desta segunda-feira no Departamento de Estado de Washington, ele se reuniu com a Secretária-adjunta para assuntos do hemisfério ocidental Kim Breier.
Eduardo estaria se tornando uma espécie de embaixador não oficial de Jair Bolsonaro? Quais são os impactos dessa aproximação política com os Estados Unidos?
Sputnik Brasil conversou sobre o tema com Antonio Marcelo Jackson Ferreira da Silva, Cientista Político e Professor do Departamento de Educação e Tecnologias (DEETE) da Universidade de Ouro Preto.
"Você ter um parente seu, no caso um filho, assumindo as relações e contatos com outras nações é no mínimo algo completamente esdrúxulo, pensando em qualquer sistema político. Pelo menos no mundo Ocidental. Esse tipo de coisa vira um nepotismo sem pé nem cabeça, até porque o próprio Bolsonaro já indicou o nome que vai assumir a pasta de Relações Exteriores", declarou o professor.
Para Antônio Marcelo Jackson, esse comportamento da família Bolsonaro "coloca muitas dúvidas no que diz respeito à própria ideia do Estado de Direito".
Quanto ao alinhamento com os EUA, anunciado pelo presidente eleito, o especialista notou que esse posicionamento lembra a posição dos militares, em 1964. Depois da ditadura militar, o Brasil, segundo o professor, buscou maior independência política e diversificou as suas relações comerciais.
Mesmo no caso das atuais relações comerciais China, acrescentou ele, que representam em torno de 25% do comércio total, existe uma pulverização maior, do que na dinâmica que o país mantinha com os EUA, que chegava a ocupar quase 50% da balança comercial nacional.
"Depois de tantos anos adotando uma política independente, assumir um alinhamento quase indiscutível com os Estados Unidos, inclusive se apresentando como mediador na América Latina, é abrir mão de um papel de destaque, como chegamos a ter anos atrás, para passarmos a ser 'garotos de recado'. Isso me parece no mínimo preocupante", disse o interlocutor da Sputnik Brasil.
"Alguns jornais estão colocando isso como uma revolução na diplomacia brasileira. Eu diria que isso representa uma queda de qualidade gigantesca e uma mediocrização das nossas relações internacionais", concluiu.