Os resultados da pesquisa, publicados na revista Klinicheskaya i Spetsialnaia Psikhologia (Psicologia Clínica e Especializada), podem ser usados tanto no tratamento médico, como no desenvolvimento de medidas preventivas contra o crime sexual.
Os especialistas apontam para um fator importante que é alexitimia forte. Isto é, a impossibilidade de identificar e descrever os seus próprios sentimentos. Isso não permite ao criminoso comparar os sentimentos de outrem com o seu padrão interior, o que o conduz a compreender de maneira incorreta os sinais emocionais da vítima.
A sugestão inicial da pesquisa feita pela equipe da UEPPM foi esta: que os criminosos sexuais apresentam capacidade reduzida de compreenderem os estados emocionais e que esta redução é relacionada à pedofilia de que padecem; já os defeitos de percepção emocional têm a ver com mecanismos de regulação de interesse sexual anômalo.
A pesquisa centrou-se no exame de vários grupos: um, composto de pessoas acusadas de crimes sexuais e que foram diagnosticadas com pedofilia, outro, composto de pessoas acusadas de crimes sexuais, mas sem tal diagnóstico, e o terceiro, um "grupo comparativo". Os cientistas compararam, dentro do grupo pedofílico, as pessoas com atitudes egodistônicas (ou seja, que se dão conta da anormalidade do seu desejo sexual) e egosintônica (que aceitam completamente sem criticar os seus desejos deviantes) para com o seu desejo sexual.
A pesquisa se realizou usando várias metodologias, todas voltadas ao reconhecimento de emoções com base na expressão mímica e na avaliação da capacidade de dar-se conta dos próprios sentimentos e verbalizá-los.
"Este resultado parece importante, já que uma pessoa que não se dá conta das próprias emoções perde toda uma camada de informação sobre o estado da sua esfera de motivações e necessidades; informação essa que é necessária para a tomada de decisões adequadas. Com forte alexitima, não é só a capacidade de avaliar os seus próprios motivos que sofre, senão também o estado emocional de outros permanece incompreendido ou é compreendido tão só formalmente", comenta a pesquisa o chefe da Faculdade de Psicologia Jurídica da UEPPM, Nikolai Dvoryanchikov.
Os resultados obtidos pela UEPPM podem ser usados em avaliações de diagnósticos diferenciais de pessoas com pedofilia, ajudar no desenvolvimento de programas de profilaxia e terapêuticos, de medidas de prevenção do crime sexual e de modelos de regulação na prática de peritos.