Em entrevista ao site DW Brasil, Alzeben revelou já ter solicitado um encontro com o próximo mandatário brasileiro, e admitiu que o governo brasileiro, como "um dos fundadores da ONU" tem "uma responsabilidade enorme para preservar a paz" na região.
"A embaixada [brasileira] e todas as embaixadas devem ficar em Tel Aviv enquanto essa questão da ocupação militar israelense não esteja resolvida. Acredito que em um estágio final a Palestina terá Jerusalém oriental como capital e Israel terá Jerusalém ocidental como capital", declarou o embaixador palestino.
Alzeben destacou o papel histórico do Brasil ao longo das últimas décadas, desde o esforço do brasileiro Oswaldo Aranha, presidente da Assembleia Geral da ONU em 1948 quando da partilha da Palestina e a criação do Estado de Israel, até o reconhecimento do Estado palestino pelo Brasil desde os anos 1970, com a vinda do líder palestino Yasser Arafat ao país na era Fernando Henrique Cardoso, e a cooperação nos governos do PT.
De acordo com o diplomata palestino, o Brasil deve "não complicar o panorama" ao seguir os passos de Estados Unidos e Guatemala, únicos países a terem transferido suas embaixadas para Jerusalém, ressaltando que Israel viola tratados internacionais ao ocupar território palestino.
"Israel é um país ocupante. Está violando o direito internacional. Existem duas faces de Israel. Uma que é avançada em tecnologia e que é bastante desenvolvida. Outro lado é nefasto. É contrário a tudo que é humano. Não podemos admitir e ninguém deve apoiá-lo. Transferir as embaixadas é apoiar. É incentivar esse lado", afirmou ao DW Brasil.
Deputado federal mais votado da história brasileira e filho do presidente eleito, Eduardo Bolsonaro declarou recentemente, em uma viagem aos EUA, que a questão sobre a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém já estaria decidida, faltando apenas a definição da data em que isso vai ocorrer.
Já Jair Bolsonaro indicou querer levar a embaixada para Jerusalém, mas à época da crise com o cancelamento de uma visita de diplomatas e empresários ao Egito (que acabou cancelada pelo governo egípcio após as declarações sobre a embaixada) o presidente eleito recuou, dando a entender que a questão ainda não estaria fechada.
Enquanto aguarda ser recebido pelo novo governo brasileiro, Alzeben defendeu o caráter sagrado de Jerusalém para várias religiões, o que justifica uma saída negociada para o conflito.
"Jesus Cristo é palestino. A Virgem Maria é palestina. A Palestina pertence aos palestinos. Temos judeus. Temos cristãos. Temos muçulmanos. E esta é a riqueza da Palestina, que não abrimos mão. Eu não admito que seja puramente judaica, puramente cristã, puramente muçulmana. E assim será para o futuro. Esse conflito vai acabar", concluiu.