O satélite é o primeiro equipamento a levar a bordo um software de controle de atitude em três eixos projetado no Brasil. Em entrevista à Sputnik Brasil, o gerente do projeto Dr. Luís Loures, instrutor e pesquisador do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), conta que em um primeiro momento a equipe do ITA se atentará aos dados relativos "à saúde" do satélite.
"Você tem dois tipos de informação [que chegam do satélite]. Primeiro são os dados de saúde do próprio satélite, que dão informações como níveis de temperatura, tensão e corrente. Também recebemos os dados das cargas úteis, que são aquelas que são previstas no programa. Nesse momento, estamos analisando os dados da saúde do satélite", explica o pesquisador. que recebe as informações na estação de solo no próprio ITA, além de duas backups em Santa Maria (RS) e Natal (RN).
O ITASAT transporta como carga útil um transponder de coleta de dados desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais de Natal, um receptor GPS desenvolvido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) em parceira com o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) e uma câmera comercial com resolução de 80m por pixel no espectro visível, além de um experimento de comunicação com a comunidade de radioamadores, que permite o armazenamento e posterior envio de mensagens de membros do grupo.
O gerente do ITASAT ressalta que o projeto, que reúne professores e estudantes do Instituto Tecnológico da Aeronáutica, tem como objetivo formar mão de obra qualificada para o setor aeroespacial nacional.
"Existe uma missão que nos foi entregue pela Agência Espacial Brasileira, financiadora do projeto, que é formar recursos humanos para o setor aeroespacial. A gente forma esses profissionais, alunos de mestrado, doutorado e graduação, e faz com que eles trabalhem em contexto. Ou seja, tudo o que eles aprendem em sala de aula eles vão aplicar no trabalho prático como esse de desenvolvimento de um satélite, como esse que nós fizemos", destaca Loures.
O lançamento do projeto, fomentado pela Agência Espacial Brasileira, estava previsto para 2016, mas, devido a falhas ocorridas nos lançadores, acabou sendo remarcado para este ano. Configurado em 2012 para o padrão CubeSat, um tipo de satélite em miniatura usado para pesquisas espaciais, o nanossatélite foi totalmente integrado para voo em 2016.
Na avaliação do professor Luís Loures, como o ITASAT surgiu com a finalidade primária de formação de recursos humanos para fomentar o setor aeroespacial brasileiro, o projeto foi bem-sucedido e cumpriu o seu papel.
Além do nanossatélite brasileiro, o Foguete Falcon 9 levou ao espaço 15 microssatélites e outros 55 cubosats de entidades comerciais e governamentais, dos quais mais de 30 são de organizações internacionais de 18 países. De acordo com a Força Aérea Brasileira, entre as cargas a bordo, 23 são de universidades, 19 são satélites de imagens, 23 são demonstrações de tecnologia, 2 são exposições de arte e 1 é de ensino médio.