Trump admite interferir no caso de executiva chinesa presa para garantir acordo comercial

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (11) que intervirá no Departamento de Justiça dos Estados Unidos no caso contra a executiva chinesa de telecomunicações se isso garantir um acordo comercial com Pequim.
Sputnik

"Se eu acho que é bom para o país, se eu acho que é bom para o que será certamente o maior acordo comercial já feito — o que é uma coisa muito importante e é bom para a segurança nacional — eu certamente interviria se achasse necessário", afirmou o presidente à Reuters.

A pedido das autoridades dos EUA, a executiva da Huawei Meng Wanzhou foi presa no início deste mês em Vancouver sob a acusação de violar as sanções dos EUA contra o Irã. A detenção aconteceu no mesmo dia em que Trump e o presidente chinês Xi Jinping declararam uma trégua de 90 dias em sua guerra comercial durante as negociações do G20 em Buenos Aires.

Trump, que quer que a China abra seus mercados para mais produtos fabricados nos Estados Unidos e acabe com o que Washington chama de roubo de propriedade intelectual, disse que ainda não falou com Xi sobre o caso contra a executiva da Huawei.

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Meng, de 46 anos, enfrenta acusações dos EUA de enganar bancos multinacionais sobre o controle da Huawei sobre uma empresa que opera no Irã, colocando os bancos sob o risco de violar as sanções dos EUA e incorrer em severas penalidades, disseram documentos judiciais.

Se extraditada para os Estados Unidos, Meng enfrentaria acusações de conspiração para fraudar várias instituições financeiras. Um tribunal canadense na terça-feira concedeu fiança Meng enquanto ela aguarda uma audiência de extradição.

Trump foi questionado se Meng poderia ser liberada das acusações:

"Bem, é possível que muitas coisas diferentes pudessem acontecer. Também é possível que seja parte das negociações. Mas falaremos com o Departamento de Justiça, falaremos com eles, teremos muitas pessoas envolvidas."

Perguntado se gostaria de ver Meng extraditada para os Estados Unidos, Trump disse que queria primeiro ver o que os chineses pedem. Ele acrescentou, no entanto, que as alegadas práticas da Huawei são preocupantes.

"Esse tem sido um grande problema que tivemos de tantas maneiras diferentes com tantas empresas da China e de outros lugares", disse ele.

Na esteira de seu encontro com Xi em Buenos Aires, Trump disse durante a entrevista que conversas comerciais com Pequim estavam em andamento por telefone, com mais reuniões provavelmente entre autoridades americanas e chinesas.

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Ele disse que o governo chinês estava mais uma vez comprando grandes quantidades de soja dos EUA, uma reversão depois que a China impôs tarifas sobre os estoques de sementes oleaginosas em julho, em retaliação aos impostos americanos sobre os produtos chineses.

"Acabei de ouvir hoje que eles estão comprando enormes quantidades de soja. Eles estão começando, apenas começando agora", disse Trump.

Traders de commodities em Chicago, no entanto, disseram não ter visto nenhuma evidência de uma retomada das compras de soja pela China, que no ano passado comprou cerca de 60% das exportações de soja em negócios avaliados em mais de US$ 12 bilhões.

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