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Freixo: panorama dos direitos humanos é trágico e vai piorar

O deputado estadual do Rio de Janeiro Marcelo Freixo, do PSOL, conversou com a Sputnik Mundo sobre a situação dos direitos humanos no Brasil levando em consideração as ações das milícias, o assassinato de Marielle Franco e a eleição de Jair Bolsonaro para a presidência da República. Para o parlamentar, o cenário não é nada animador.
Sputnik

Conhecido por seu trabalho como defensor dos direitos humanos, Freixo, eleito neste ano para a câmara federal, tem em mente uma visão bastante negativa sobre o futuro do respeito a esses princípios no país. Ele acredita que a escolha do novo chefe de Estado brasileiro terá impacto direto nesse cenário. 

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"O panorama é trágico. O Brasil é o segundo país do mundo em assassinatos de defensores de direitos humanos. Perde apenas para as Filipinas. Há a ideia equivocada no Brasil de que defensores de direitos humanos são defensores de bandidos. Mas os defensores de direitos humanos apenas defendem o cumprimento da lei. Bolsonaro tem como herói um torturador do período ditatorial, Brilhante Ustra. Ele construiu sua carreira política disseminando o ódio, atacando minorias políticas e menosprezando os direitos humanos. Não tenho dúvida que vai piorar", disse o deputado. 

Recentemente, a polícia do Rio desvendou um plano de milicianos para assassinar o político psolista, amigo e companheiro de partido da vereadora Marielle Franco, morta em março deste ano por conta de sua atuação em defesa dos direitos humanos. Indagado sobre sua defesa da desmilitarização da segurança pública como uma das medidas necessárias para combater esse estado generalizado de violência, Freixo reforçou a ideia de transformar a PM em uma instituição civil e comentou as ameaças contra sua vida. 

"Precisamos enfrentar o crime com inteligência, respeitando os direitos da população e dos trabalhadores da segurança pública. Mais de 70% dos praças são favoráveis à desmilitarização, segundo pesquisa da FGV. Eu vivo com escolta desde 2008, quando comecei a receber ameaças de morte devido ao trabalho que realizei como presidente da CPI das Milícias. A CPI apresentou avanços concretos: indiciamos mais de 200 pessoas e prendemos os chefes das quadrilhas, dentre eles vereadores e deputado. Desde então, convivo com ameaças concretas contra a minha vida."

Ainda sobre as milícias no território fluminense, o deputado argumentou que o poder das mesmas também seria sustentado pelo terror imposto aos moradores, vítimas constantes de violência quando decidem não colaborar com essas organizações ilegais. 

"A milícia converte o controle territorial em domínio eleitoral. Ela transforma as áreas que controla em currais eleitorais. Milícia dá voto, elege parlamentares, tem projeto de poder político e econômico. Ela está bem sucedida porque o Estado nunca colocou o combate às milícias como uma prioridade. A CPI completou dez anos em dezembro. Apresentamos medidas concretas a serem tomadas pelo Município, Estado e União para enfrentar de fato as milícias, quebrando seus braços econômico e político, mas nada foi feito até hoje."  

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