Ex-prefeito de São Paulo, Kassab teria recebido uma mesada de R$ 350 mil quando era prefeito da cidade, em 2009, e outros pagamentos entre 2010 e 2016 que totalizariam R$ 30 milhões, de acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que o investiga e, um inquérito por corrupção passiva e caixa 2.
"O objetivo dos pagamentos era contar com poder de influência do ministro em 'eventual demanda futura de interesse do referido grupo'. Para viabilizar os repasses, os envolvidos celebraram contrato fictício de prestação de serviços com uma empresa do ramo de transportes que possuía relação comercial com a J&F", diz nota da PGR.
As investigações têm como base as delações dos executivos e colaboradores Wesley Batista e Ricardo Saud, do grupo J&F. Ainda de acordo com a PGR, outros R$ 28 milhões foram repassados ao diretório nacional do PSD, então presidido por Kassab. A moeda de troca teria sido o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no pleito de 2014.
"Segundo um dos colaboradores, todos os valores repassados eram provenientes de uma espécie de conta-corrente de vantagem indevida vinculada ao PT, que teria autorizado os pagamentos. Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie", acrescenta a nota da PGR.
Em nota, a assessoria de Kassab afirmou que o ministro está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos que se façam necessários, destacando que seus atos seguiram a legislação e o interesse público.
Segundo o G1, agentes da PF encontraram R$ 300 mil no apartamento de Kassab. Buscas também foram feitas na casa de Renato Kassab, irmão do ministro, como parte dos oito mandados a serem cumpridos – seis em São Paulo (capital, São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e São José do Rio Preto, no interior), e dois em Natal, no Rio Grande do Norte.
Na capital potiguar, os alvos seriam o governador Robinson Faria (PSD) e o seu filho, o deputado federal Fábio Faria (PSD-RN).
De saída do governo de Michel Temer (MDB), que está chegando ao fim, Kassab foi anunciado há algumas semanas para o posto de secretário da Casa Civil do governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).